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Hipospádia: O que é a condição rara que afeta o rapper Lil Dicky que o faz ter um micropênis?

Com cerca de 15 mil casos por ano, Brasil tem cirurgia inovadora para casos como do artista que nascem com o órgão medindo a partir de 3cm

Rapper Lil Dicky - Reprodução / Instagram

O ator e rapper Lil Dicky, que se chama David Andrew Burd, surpreendeu seus fãs ao dizer abertamente durante uma entrevista que tem um micropênis (quando o órgão tem menos de 2,5 centímetros) e que isso o ajuda no processo criativo. Segundo o artista, ele nasceu com hipospádia, um problema congênito que o fez ter um órgão menor do que o normal.

“Não consigo me lembrar de uma época em que não estava [inseguro sobre meu pênis]. É como o primeiro pensamento central [que eu tenho]", afirmou.

O que é a hipospádia?
A anomalia é rara com cerca de 15 mil casos por ano no Brasil, porém é uma das mais comuns quando o assunto são as doenças congênitas no pênis. Ela se caracteriza pela má formação da uretra, a abertura do pênis encontra-se na parte inferior do órgão, e ocorre quando o órgão não se desenvolve normalmente enquanto a criança está no útero. A correção cirúrgica costuma ser necessária para restaurar o bom fluxo de urina. Isso geralmente ocorre antes dos 18 meses de idade.

Se não tratada, ela pode causar: fluxo urinário anormal, disfunção sexual, deformidade no pênis, principalmente em adultos, porque eles são submetidos a diversas cirurgias ao longo da vida. O rapper Lil Dicky afirmou que precisou remover partes do pênis.

"Eu os removi. Onde estava um dos pontos pretos, agora faço xixi nele. Quando eu mijo, são dois buracos. Eu amo meu pênis como você ama um personagem imperfeito da Pixar”, disse.

Cirurgia brasileira
Cientistas brasileiros da Universidade Federal da Bahia (UFBA), criaram uma técnica capaz de reconstruir ou aumentar o pênis em até 4 cm. O tratamento é indicado para casos de micropênis, amputação do órgão por traumas ou doenças, como o câncer peniano e até mesmo para homens trans. A mobilização total dos corpos cavernosos (TCM), como é chamada, confere de 3 a 4 cm a mais do que as cirurgias convencionais.

O procedimento se difere dos processos já existentes, e até mesmo das próteses, pois além de não precisar de enxerto, ou seja, retirar a gordura de outras áreas do corpo, como coxas e antebraço, para recriar o órgão genital, ele devolve todas as funções do pênis, o que inclui a ereção.

Ao menos uma dessas novas cirurgias realizadas no Brasil foi a de um tratamento contra um micropênis. O estudante Matheus da Silva, 24 anos. Segundo o jovem, apesar da vergonha e de alguns problemas no momento da penetração, o assunto havia sido conversado com antecedência com sua mulher, com quem está junto há anos. Quando decidiu fazer a reconstrução, sua esposa foi contra e disse que era um risco que ele correria.

Eu não ficava à vontade nas minhas relações sexuais. Eu fui o primeiro homem da minha esposa e sempre fomos muito sinceros um com o outro então isso nunca foi um problema, mas não tem nem comparação. Me sinto muito melhor, mais confiante. A cirurgia fez meu órgão crescer cerca de 10 centímetros.

A cirurgia é indicada para corrigir o problema. Em crianças, porém, o ideal é que ocorra antes dos dois anos para evitar trauma emocional. O pós-operatório da cirurgia, entretanto, é considerada como “chata” e “demorada” pelos pacientes.