Macron diz ouvir a "ira" dos franceses contra reforma da Previdência "necessária"
Em uma demonstração do mal-estar dominante, durante seu discurso, aconteceram panelaços em bairros de várias cidades da França
O presidente da França, Emmanuel Macron, assegurou, nesta segunda-feira (17), ouvir a "ira" dos franceses contra sua impopular reforma da Previdência, mas ressaltou que a medida é "necessária" e que suas disposições vão entrar em vigor "a partir deste outono" no hemisfério norte.
"Ninguém pode ficar surdo" a esta "ira" dos manifestantes, disse Macron em discurso televisionado do Palácio do Eliseu, sede do Executivo francês. O presidente lamentou que não se tenha chegado a um "consenso" sobre esta reforma-chave para seu segundo mandato.
A França vive uma crise política e social desde janeiro por essa reforma que adia a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e adianta para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos, e não mais 42, para se ter direito à aposentadoria integral.
Apesar do repúdio dos sindicatos e da grande maioria dos franceses, segundo as pesquisas, Macron decidiu adotar a lei por decreto em março, temendo uma derrota no Parlamento. A atitude radicalizou os protestos e aumentou o mal-estar.
Para virar a página dessa crise, o chefe de Estado de 45 anos anunciou um "novo pacto sobre a vida no trabalho", que abordará a "melhora dos salários" e das condições de trabalho e um "melhor compartilhamento da riqueza", entre outros aspectos.
Seu objetivo é construir esse pacto com os sindicatos , a quem disse que sua porta estará "sempre aberta". Durante o trâmite parlamentar da reforma, o presidente se recusou em se reunir com eles, como havia sido pedido em uma carta.
Para relançar seu segundo mandato até 2027, em ponto morto pelo conflito congelado das aposentadorias, o mandatário anunciou uma série de medidas como a luta contra a "imigração ilegal" e as fraudes sociais e fiscais, entre outros.
A educação e a segurança são outros dos pontos que priorizará.
"Temos diante de nós 100 dias de apaziguamento, de unidade, de ambição e de ação a serviço da França", pediu Macron, que prosseguiu que fará "um primeiro balanço" da situação em 14 de julho, em ocasião da festa nacional.
Em uma demonstração do mal-estar dominante, durante seu discurso, aconteceram panelaços em bairros de várias cidades da França.