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Cartão de crédito: veja os planos do governo para reduzir o juro do rotativo

Reduzir taxas para consumidor que atrasa pagamento esporadicamente é uma das medidas em estudo

Cartões de crédito - Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

A equipe técnica do Ministério da Fazenda estuda medidas para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito. Na segunda-feira (17), o titular da pasta, Fernando Haddad, se reuniu com representantes de bancos para tratar do assunto. Um estudo sobre o tema será entregue ao Banco Central, que também será envolvido na discussão. Estão sendo avaliadas três medidas:

Diferenciar a taxa de juros para o consumidor que cai no rotativo esporadicamente e logo quita a fatura e outro que vive pendurado;

Estimular a competição entre os bancos no crédito rotativo e, assim, favorecer a queda da taxa;

Determinar que as administradoras de cartão passem a alertar o cliente tão logo ele não consiga pagar a fatura do cartão integralmente.

A diferenciação dos clientes que usam o rotativo do cartão em dois grupos funcionaria da seguinte forma: os que atrasam o pagamento em poucas ocasiões e logo quitam a fatura teriam uma taxa mais baixa, dentro do princípio de que os bons pagadores deixem de financiar os inadimplentes.

Atualmente, se um consumidor não consegue pagar integralmente a fatura, não importa se usa o rotativo com frequência ou não, cai obrigatoriamente no rotativo, pagando juros de 15% ao mês. Só depois disso é que o banco refinancia a dívida restante em parcelas predefinidas.

De acordo com a última nota do Banco Central, a taxa de juros do rotativo ficou em 417,35% ao ano, a maior desde agosto de 2017. A linha é a mais cara do sistema financeiro, batendo inclusive a do cheque especial, de 137,41% ao ano.

Outra proposta é estimular a competição entre os bancos no crédito rotativo. Segundo técnicos a par das discussões, os clientes optam por contratar cartão de crédito sem pensar na taxa de juros do rotativo. E, no caso do não pagamento integral da fatura, acabam sem opção, sendo obrigados a aceitar os juros do banco.

A ideia é que as administradoras criem alternativas de financiamento para evitar que o cliente fique pendurado no rotativo por um mês.

Grupo de trabalho
Faz parte do pacote que as administradoras passem a alertar o cliente tão logo ele não consiga pagar a fatura do cartão integralmente.

Técnicos do governo admitem que a solução é complexa e terá de ser negociada com os bancos, para evitar o que aconteceu quando o Ministério da Previdência reduziu os juros do consignado para aposentados e pensionistas do INSS e os agentes financeiros suspenderam a linha.

As alternativas estão sendo estudadas por um grupo de trabalho coordenado pela Fazenda, com representantes dos bancos.

"O desenho (do crédito do cartão rotativo) está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados" disse Haddad antes do encontro com representantes dos bancos.