Idoso é acusado de atirar em jovem negro que tocou campainha de sua casa por engano nos EUA
Ralph Yarl, de 16 anos, se encontra em estado crítico após levar dois tiros
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Promotores do estado do Missouri, região central dos Estados Unidos, anunciaram ter apresentado acusações de crimes graves contra um homem branco que teria atirado e ferido com gravidade um adolescente negro que tocou a campainha de sua casa por engano.
Ralph Yarl, de 16 anos, se encontra em estado crítico após levar dois tiros, um deles na cabeça, na quinta-feira (13) à noite, quando tocou a campainha da casa errada enquanto buscava outro endereço.
A indignação em torno do caso aumentou no fim de semana, após se saber que o homem, que promotores e a imprensa dizem ter 84 ou 85 anos, foi liberado sem acusações após permanecer detido por 24 horas.
Na segunda-feira (17), no entanto, o promotor do estado de Clay, Zachary Thompson, anunciou que o senhor, identificado como Andrew Lester, havia sido acusado de agressão e ação criminosa armada. Sua fiança foi estabelecida em 200.000 dólares (cerca de 990 mil reais).
"Pretender que a raça não é parte de toda esta situação seria enfiar a cabeça na areia", disse o prefeito de Kansas City, Quinton Lucas, nesta terça-feira (18). "Atiraram neste rapaz porque era negro", acrescentou em declarações à CNN.
A Casa Branca anunciou, na noite de segunda-feira (17), que o presidente Joe Biden havia falado por telefone com Yarl "e compartilhado sua esperança de uma recuperação rápida".
A tia de Yarl, Faith Spoonmoore, disse, em uma campanha da GoFundMe, que seu sobrinho era um estudante talentoso que sonhava estudar engenharia química. Até a manhã desta terça, haviam sido arrecadados mais de US$ 2,8 milhões (R$ 13,9 milhões) para Yarl.
Ataques a tiros mortais são frequentes nos Estados Unidos, um país de 330 milhões de habitantes, onde se estima que circulem cerca de 400 milhões de armas.
Mas o caso de Yarl suscitou indignação especial, pois o país continua enfrentando um longo histórico de falta de prestação de contas por atos de violência contra afro-americanos.
A chefe de polícia de Kansas City, Stacey Graves, disse, durante coletiva de imprensa na noite de domingo, admitir os "componentes raciais" do caso, mas a informação disponível até agora "não diz que haja motivos de raça" e a investigação segue seu curso.
Na segunda-feira também foram apresentadas acusações sobre um caso similar no estado de Nova York, mas a vítima dos disparos da noite de sábado, Kaylin Gillis, não sobreviveu.
A polícia do estado disse que Gillis levou um tiro fatal na noite de sábado, quando foi, juntamente com três amigos, a um endereço errado, enquanto tentava encontrar a casa de um amigo.
O dono da casa, identificado como a pessoa que atirou, Kevin Monahan, de 65 anos, foi detido na segunda e acusado de homicídio, segundo o gabinete do xerife.