Justiça

Coronel da PM preso disse que Lula 'não subiria a rampa' e fez campanha com ex-líder de Bolsonaro

Policial foi um dos alvos da operação Lesa Pátria

Coronel fez campanha como candidato a deputado federal por Goiás ao lado do deputado federal Major Vitor Hugo, então líder do governo de Jair Bosonaro. - Reprodução

O coronel da Polícia Milita de Goiás, Benito Franco, preso pela Polícia Federal nesta terça-feira em mais uma fase da operação Lesa Pátria, fez campanha como candidato a deputado federal por Goiás ao lado do deputado federal Major Vitor Hugo, então líder do governo de Jair Bosonaro. Em suas redes sociais, o policial, que é ex-comandante das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) e participou da caçada a Lázaro Barbosa, chegou ainda a afirmar que Lula "não tomaria posse".

A fala de Benito aconteceu ainda em dezembro, logo após a diplomação do petista. Em vídeo publicado em suas redes sociais e que não está mais disponível, o bolsonarista defendeu ainda os atos antidemocráticos nas portas de quarteis e também em rodovias ao avaliar que as manifestações "não eram exageradas".

— Eu, coronel Benito Franco, da Polícia Militar de Goiás, ex-comandante do batalhão de Rotam, falo com todas as letras: o ladrão (sic) não sobe a rampa— afirmou em publicação nas redes.

Após as falas, a Corregedoria da PM abriu um processo administrativo para apurar o teor das declarações do militar.

Benito foi candidato a deputado federal na última eleição pelo PL, partido de Jair Bolsonaro. Com aproximadamente 10 mil votos, não obteve sucesso. Ele aparece em videos e eventos ao lado do ex-deputado federal Major Victor Hugo, que concorreu ao cargo de governador do estado de Goiás também sem êxito. Foi o ex-deputado, inclusive que fez a maior doação para a campanha para Benito, repassando ao coronel R$57.661,10. Enquanto parlamentar, Victor Hugo foi líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, de quem era próximo.

Uma de suas principais bandeiras de campanha foi a participação na caça a Lázaro Barbosa, que ficou desaparecido por 20 dias, após invadir uma residência em Ceilândia, no Distrito Federal, e matar uma família de quatro pessoas. Benito foi comandante da Rotan, o batalhão de operações ostensivas da PM de Goiás entre janeiro de 2019 e agosto de 2021 e integra a corporação há 25 anos.

Prisão

Benito foi um dos alvos da operação da Polícia Federal desta terça-feira, para identificar os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Ao todo, a PF cumpriu 16 mandados de prisão em sete estados diferentes. De acordo com a PF, os alvos da operação são investigados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

Desde o dia 20 de janeiro, operações têm sido realizadas todas as semanas pelo país com o objetivo de identificar as pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram a invasão e depredação dos prédios público em Brasília.