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Díaz-Canel perto de segundo mandato presidencial em Cuba

A lei estabelece que o presidente, com mandato de cinco anos, pode ser reeleito apenas uma vez

Díaz-Canel perto de segundo mandato presidencial em Cuba - Adem Altan / AFP

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, deve ser reeleito sem surpresas pelo Parlamento nesta quarta-feira (19) para um segundo e último mandato, no momento em que a ilha comunista enfrenta a maior crise econômica em três décadas.

Díaz-Canel, um engenheiro eletrônico de 62 anos, governa Cuba desde 2018. Ele foi o primeiro civil a assumir o comando do país após os mandatos dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que permaneceram no poder desde a vitória da revolução em 1959.

As autoridades eleitorais devem anunciar os candidatos à presidência e à vice-presidência durante o dia. O processo terá apenas um candidato para cada cargo, em um país onde a oposição é ilegal.

Os 470 deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular escolherão os dois por maioria absoluta, com voto direto e secreto.

A lei estabelece que o presidente, com mandato de cinco anos, pode ser reeleito apenas uma vez.

A sessão parlamentar também votará a nomeação dos 21 novos integrantes do Conselho de Estado, a mesa diretora da assembleia nacional.

Díaz-Canel assumiu em 2018 com a missão de acelerar a lenta reforma econômica iniciada por seu antecessor e mentor político Raúl Castro, quando a atual crise começava na ilha.

No início de 2021, ele implementou uma reforma monetária que acabou com a taxa de um dólar por um peso cubano que vigorava há décadas e provocava grandes distorções na economia nacional.

Também promoveu o trabalho independente e autorizou as pequenas e médias empresas, mas estas medidas foram insuficientes para melhorar a economia.

A reforma monetária provocou uma espiral inflacionária e uma forte desvalorização, o que irritou a população.

A moeda cubana saltou em dois anos de 24 para 120 pesos por dólar na taxa oficial, enquanto no mercado paralelo é negociada a 185 pesos por divisa.

Atualmente Cuba enfrenta a pior crise econômica em 30 anos, com escassez de alimentos, remédios e combustíveis, consequência do endurecimento do embargo dos Estados Unidos, em vigor desde 1962, e dos efeitos da pandemia, que o governo Díaz-Canel controlou com três vacinas de produção nacional.

"Sinto-me insatisfeito por não ter conseguido promover um conjunto de ações mais eficientes, mais eficazes, na solução dos problemas", afirmou o presidente durante uma entrevista recente ao canal de televisão pan-árabe Al Mayadeen.

Para o opositor Manuel Cuesta a "reeleição" está "assegurada" e acontece "em meio a uma dupla crise econômica: do modelo e das competências políticas do Estado para encaminhar soluções adequadas”.

Uma das "poucas conquistas" que podem ser atribuídas a Díaz-Canel foi a de comandar "a transição para um regime liderado por uma nova geração nascida depois de 1959 que não tem o sobrenome Castro", considera Jorge Duany, professor da Universidade Internacional da Flórida.

Ao mesmo tempo, Duany considera que o "maior fracasso foi a gestão ruim dos protestos" de julho de 2021, os maiores na ilha desde 1959, que deixaram um morto, dezenas de feridos e mais de 1.300 presos, segundo a organização de defesa dos direitos humanos Cubalex, com sede em em Miami.

Após os protestos o país registrou um êxodo migratório sem precedentes: mais de 300 mil cubanos deixaram a ilha apenas em 2022.