Atos golpistas

Queda de ministro ressuscita CPI do 8 de janeiro

Imagens mostravam o ex-chefe do GSI, aparentemente, orientando os invasores

Imagens mostram Gonçalves Dias no Palácio do Planalto durante os atos golpistas - Reprodução / CNN Brasil

Brasília viveu um dia de tensão, ontem, com a reportagem de Leandro Magalhães, da CNN, trazendo imagens exclusivas da invasão ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro. A repercussão foi tão estrondosa que derrubou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias.

O episódio ressuscitou a já morta CPI Mista para apurar os atentados aos poderes constituídos e 8 de janeiro. Deputados da própria base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudaram de posição. Eles passaram a defender a instalação da CPMI logo após a aparição das imagens de que o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, teria facilitado o trânsito de vândalos no Palácio do Planalto durante os protestos de 8 de janeiro.

Imagens das câmeras de segurança obtidas pela CNN Brasil mostram que, por volta de 16h30, Gonçalves Dias estava no Palácio do Planalto, enquanto ocorriam os ataques de invasores. Primeiro, é possível vê-lo caminhando sozinho no terceiro andar. Em seguida, o ex-ministro tenta abrir duas portas e depois entra no gabinete.

No entanto, alguns minutos depois, o agora ex-ministro é visto caminhando pelo mesmo corredor que passavam alguns dos invasores. Segundo a CNN Brasil, as imagens sugerem que ele indica a saída de emergência para as pessoas. Logo depois, aparecem nas imagens outros integrantes do GSI, que aparentam indicar também o caminho de saída para os invasores que estavam no terceiro andar.

Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) afirmou que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança. Em um primeiro momento, eles tentavam evacuar o quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar. A partir de então, o reforço do pelotão de choque da Polícia Militar do Distrito Federal viria a realizar a prisão dos invasores.

A conduta do ex-ministro e de outros integrantes do gabinete está sendo apurada em uma sindicância interna, segundo o Governo. Gonçalves não compareceu, ontem, a uma audiência pública na Comissão de Segurança Pública da Câmara, alegando questões médicas.

Imediatamente, o senador Sérgio Moro (UB-PR) apresentou requerimento à Comissão de Segurança Pública do Senado para cobrar a participação do ex-ministro em audiência pública. “Gravações, divulgadas hoje nos meios de comunicação, trazem imagens de câmeras de segurança do Palácio do Planalto que revelam a presença do chefe do GSI no local no momento dos atos de vandalismo e a ausência de resistência operacional por parte das forças de segurança, sob seu comando”, afirmou Moro, em nota.