GSI

Ex-GSI Gonçalves Dias também foi afastado de cargo em 2012 por imagem com manifestantes; entenda

General recebeu bolo de aniversário dos policiais e chorou com a homenagem, que contou com "parabéns pra você". Episódio levou GDias a ser apelidado de General do Bolo

Em 2012, registros mostrarem o militar recebendo um bolo de aniversário dos grevistas. - Divulgação

A máxima “uma imagem vale mais que mil palavras” parece perseguir o general da reserva Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Gdias — que pediu demissão após imagens divulgadas mostrarem sua movimentação no Palácio do Planalto durante a invasão do prédio —, também foi afastado, em 2012, do cargo de comandante da 6ª Região Militar do Exército, na Bahia, após registros mostrarem o militar recebendo um bolo de aniversário dos grevistas que faziam cerco à Assembleia Legislativa do estado.

A homenagem foi feita para comemorar o aniversário de GDias, no dia 7 de fevereiro. No topo do bolo, a frase "Você é especial" foi escrita em letra cursiva, e a comemoração contou com “parabéns pra você”, levando o ex-ministro às lágrimas.

Na época, o general era responsável pelas negociações com os policiais acampados em Salvador, que reivindicavam questões salariais e a anistia de grevistas. Dias chegou a dizer que seu presente [de aniversário] era “comandar essa missão e criar novos amigos". Por conta do episódio, o ex-ministro ficou conhecido como General do Bolo.

A cena não foi bem recebida pelo Palácio do Planalto, então chefiado por Dilma Rousseff. Para os setores do governo, a confraternização deveria ter acontecido após o fechamento de um acordo. Gdias foi afastado do comando da operação, embora o Exército tivesse negado a decisão, por meio de uma nota. Mesmo assim, o governo enviou a Salvador o comandante militar do Nordeste, à época, o general Odilson Sampaio Benzi.

Velho conhecido dos governos petistas, GDias atuou no comando da segurança pessoal do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2009. Na época, ficou conhecido como “sombra” de Lula, ao estar ao lado do petista em todos os deslocamentos, de compromissos oficiais a programas mais amenos, como pescaria.

Após as duas primeiras gestões de Lula, o militar foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Neste período foi promovido ao posto de general.

Na campanha, GDias voltou a dar apoio a equipe de segurança do petista. A empresa de segurança do militar foi contratada para auxiliar na montagem dos eventos que Lula participou pelo país.

Durante a transição, GDias foi indicado para integrar a equipe do grupo temático na área de inteligência estratégica. Por ser militar, GDias é também um dos conselheiros e interlocutores de Lula junto as Forças Armadas.

As imagens no 8 de janeiro

Na quarta-feira, imagens do circuito interno de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostraram Dias no prédio durante a sua invasão, nos atos golpistas de 8 de janeiro. A revelação das imagens aconteceu pela “CNN Brasil”. O general pediu demissão e será intimado pela Polícia Federal a depor sobre os ataques.

A gravação, que também está em posse da PF, mostra o ministro e outros funcionários do GSI andando entre os invasores no dia 8 de janeiro. Um deles chega a cumprimentar os golpistas e outro entrega água mineral para os criminosos. No comunicado, a pasta alega que os agentes de segurança atuaram, "em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto”.

Também na quarta, o agora ex-ministro faltou à audiência no Congresso em que falaria como convidado sobre os atos golpistas e apresentou um atestado médico.

O flagra praticamente consuma a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), defendida até então pela oposição — embora o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tenha orientado os líderes do governo a apoiarem sua instalação, nesta quinta-feira.