Pimenta afirma que Lula não tinha conhecimento das imagens e diz que GDias não omitiria informações
Ex-ministro aparece dentro do Planalto sem oferecer resistência aos invasores
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, afirmou nesta quinta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tinha conhecimento das imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto vazadas nesta quarta-feira. Na gravação, o ex-ministro Gonçalves Dias e outros militares do GSI aparecem dentro da sede do Executivo federal sem apresentar resistência aos invasores.
Pimenta afirmou em entrevista a GloboNews que, após os ataques, o presidente chamou GDias para uma reunião e solicitou acesso às imagens capturadas pela câmera de segurança que fica localizada na entrada do gabinete presidencial. No entanto, a gravação assistida por Lula não continha as imagens divulgadas.
-- O GDias foi chamado pelo presidente para que pudesse falar a respeito da repercussão, das imagens dos atos. O presidente Lula solicitou após os atos acesso às imagens. As imagens que o presidente teve acesso e assistiu naquela semana após os atos não tem essas imagens. O presidente não teve acesso a elas. O presidente, inclusive, como conhece o Palácio, chegou a perguntar claramente sobre as imagens daquela câmera que fica voltada para a entrada da área do gabinete presidencial e essas imagens ele não conhecia. (Disseram) que essas imagens não existiam. (Disseram) que as que existiam eram as que foram fornecidas a ele.
Pimenta, no entanto, afirmou que não sabe quem falou para o presidente que as imagens não existiam. O ministro defendeu o general e afirmou que "jamais partiria dele uma tentativa deliberada de omitir uma informação tão importante.
-- Acho que o general não sabia da existência dessas imagens. Pelo o que eu conheço do GDias, jamais partiria dele uma tentativa deliberada de omitir uma informação tão importante, tão grave como essa.
De acordo com Pimenta, o governo ainda não sabe se as imagens foram apagadas e depois recuperadas ou se apenas foram omitidas. O ministro, no entanto, afirmou que a Polícia Federal tem a íntegra das gravações do circuito interno de segurança.
-- Não temos essa informação (se as imagens foram apagadas). A PF, quando chega no dia 8, faz a cópia de todas as imagens. As imagens do inquérito estão completas. Portanto, essas imagens estão no inquérito. Eu tive o cuidado de buscar essa informação. Não há nenhuma imagem que não esteja à disposição das autoridades.
GDias é o primeiro ministro a sair do governo neste terceiro mandato de Lula. O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, foi escalado pelo presidente como ministro interino do GSI.
De acordo com aliados, Dias havia relatado ao presidente a sua presença no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, mas não informou a dimensão da participação de seus subordinados no GSI no episódio.
Em entrevista à Globonews logo após ser anunciada a demissão, o ex-ministro disse que foi ao Planalto durante os atos antidemocráticos para retirar os invasores de dentro do local e verificar a depredação. Ele também negou ter relação com ação de subordinado flagrado pelas câmeras de segurança orientando e dando água aos invasores.
A decisão pela demissão foi selada em uma reunião chamada de última hora nesta quarta-feira no Planalto. Além de Lula e Dias, também participaram do encontro os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Flávio Dino (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil).