Potências

EUA quer relação econômica "construtiva e equitativa" com a China, diz Yellen

No entanto, ela garantiu que os Estados Unidos não farão concessões em questões de segurança nacional

Janet Yellen - Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Os Estados Unidos querem ter uma relação econômica "construtiva e equitativa" com a China, mas sem comprometer as questões de segurança nacional, disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen, em discurso na Universidade Johns Hopkins, em Washington, nesta quinta-feira (20).

"Buscamos uma relação econômica saudável com a China: que promova o crescimento e a inovação em ambos os países. Uma China em crescimento que respeite as regras internacionais é boa para os Estados Unidos e para o mundo", afirmou Yellen, de acordo com trechos de seu discurso publicados antes do ato.

No entanto, ela garantiu que os Estados Unidos não farão concessões em questões de segurança nacional, "mesmo quando exigirem compromissos com nossos interesses econômicos".

No mês passado, Pequim acusou Washington de alimentar as tensões entre as duas potências e alertou para o risco de "conflito".

China e Estados Unidos travam uma batalha feroz pela fabricação de semicondutores - componentes eletrônicos essenciais para smartphones, veículos conectados e equipamentos militares.

Em nome da segurança nacional, Washington aumentou nos últimos meses as sanções contra os fabricantes de chips chineses.

Na quarta-feira, foi aplicada uma multa histórica de 300 milhões de dólares (1,5 bilhão de reais em valores atuais) a um fornecedor da gigante chinesa Huawei, na mira de Washington por motivos de cibersegurança e suspeitas de espionagem.

"Segurança nacional"
"Essas ações de segurança nacional não são projetadas para nos permitir obter uma vantagem econômica competitiva ou sufocar a modernização econômica e tecnológica da China. Embora essas políticas possam ter repercussões econômicas, elas são motivadas por simples considerações de segurança nacional", afirmou Yellen.

Para o economista Adam Posen, presidente do Peterson Institute for International Economics (PIIE), "uma estratégia americana que reconheça o direito da China de se modernizar e reconheça que buscar objetivos louváveis de segurança nacional tem custos econômicos é um ponto de partida sustentável e baseado na realidade para uma estratégia que não é uma perseguição nem uma fantasia".

No mês passado, Pequim acusou Washington de alimentar as tensões entre as duas potências e alertou para o risco de "conflito".

Em fevereiro, as relações se complicaram depois que os Estados Unidos destruíram um balão chinês que, segundo o governo Biden, espionava seu território, uma acusação que a China nega veementemente.

Mais recentemente, o status de Taiwan tem estado no centro das tensões.

"Não vamos comprometer a proteção dos direitos humanos", advertiu Yellen, "agimos e continuaremos a agir".

A secretária do Tesouro, que voltou a mencionar sua intenção de visitar a China "no momento apropriado", também indicou que os Estados Unidos continuarão a "fazer parceria com [seus] aliados para responder às práticas econômicas injustas da China".

Este comentário vem após falas recentes do presidente francês, Emmanuel Macron, que levantaram dúvidas entre os aliados de Paris, incluindo os Estados Unidos.

Ao retornar da China, ele pediu aos europeus que não sejam "seguidores" de Pequim ou Washington em Taiwan e que "dependam menos dos americanos" em questões de defesa. Alguns dias depois, ele defendeu uma maior autonomia econômica para a Europa.

"Macron, que é amigo, está com a China, beijando a bunda" do líder chinês Xi Jinping, disse o ex-presidente Donald Trump, que lançou uma guerra comercial contra o gigante asiático em 2019 quando estava na Casa Branca.