Síndrome de Down: sociedades médicas divulgam comunicado contra fake news com vacinas
Instituições tomaram inciativa depois que uma informação mentirosa ganhou força nas redes: a de que não pode tomar imunizantes simultâneos
A Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunizações divulgaram uma nota conjunta rechaçando as fake news criadas em torno da administração simultânea de vacinas inativadas e que poderiam acarretar em prejuízo na proteção vacinal, principalmente em relação com pessoas com Síndrome de Down.
Segundo as instituições, não há evidências de interferência imunológica negativa na administração concomitante da vacina Covid-19 com outra vacina do calendário da criança, do adolescente, e do adulto, e reforçam que não se deve perder a oportunidade de atualizar a situação vacinal em qualquer visita a uma unidade de saúde.
A nota, por exemplo, cita um estudo brasileiro realizado com 261 crianças hospitalizadas com Síndrome de Down e que demonstrou que esses pacientes tiveram 1,8 vezes mais chances de morrer por causa da Covid-19 e o tempo de recuperação foi 27% mais longo do que pacientes sem a condição.
Outros estudos nacionais apresentaram dados semelhantes e evidenciou-se que pacientes com a síndrome não vacinados e acometidos por Covid-19 apresentaram alta taxa de letalidade, com um perfil diferente para comorbidades, sintomas clínicos e tratamento, como maior necessidade de hospitalização em terapia intensiva e necessidade de ventilação mecânica.
"Dentro do contexto apresentado, ressaltamos que o comprometimento imunológico e a maior suscetibilidade às infecções em pessoas com SD não é motivo para administrar as vacinas com intervalo de tempo aumentado entre elas. Ao contrário, deve-se vacinar crianças com SD de acordo com os esquemas preconizados para esse grupo, aplicando vacinas inativadas simultâneas conforme as recomendações, oferecendo proteção contra as infecções o mais rápido possível", diz as sociedades no comunicado.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já se posicionou a favor da conveniência, segurança e eficácia da prática de vacinação simultânea para Covid-19 e Influenza16. Recomendações semelhantes foram fornecidas por autoridades de saúde pública em outros países, incluindo Itália França Alemanha, Espanha, Finlândia Reino Unido, Rússia e Austrália.
No Brasil, por exemplo, o calendário de vacinação contempla a aplicação de múltiplas vacinas simultaneamente, em especial no primeiro ano de vida, sem relatos de qualquer problema a esta prática, inclusive para pacientes com imunodeficiências ou comorbidades, como é o caso das pessoas com Síndrome de Down.
"É fundamental que as pessoas com SD, e seus cuidadores, mantenham o calendário de vacinação em dia, a fim de proteger essa população vulnerável contra diversas doenças evitáveis. Além das vacinas recomendadas no calendário nacional de vacinação, para as pessoas com SD são indicadas outras vacinas disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), presentes em todos os estados brasileiros", diz a nota.
O comunicado ainda lembra que os indivíduos com a Síndrome de Down "usualmente apresentam frequência elevada de infecções, geralmente do trato respiratório superior, caracterizadas por aumento da gravidade e curso prolongado de doenças, que são atribuídas a defeitos do sistema imunológico".
Além de apresentar outros fatores que podem contribuir para um sistema imunológico mais fraco e o desenvolvimento de doenças como cardiopatias, anomalias de vias aéreas, hipotonia, refluxo gastroesofágico, periodontite e alterações de ouvido médio também predispõem a quadros infecciosos de repetição. Doenças autoimunes, como hipotireoidismo, doença celíaca, diabetes e outras condições inflamatórias crônicas que também contribuem para uma maior incidência de doenças infecciosas.
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