Supremo Tribunal Federal

Alexandre de Moraes mantém prisão de Anderson Torres

Em despacho, ministro cita tentativas de dificultar a votação no segundo turno das eleições de 2022

Anderson Torres - Alan Santos/PR

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve a prisão preventiva do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro Anderson Torres. A decisão é desta quinta-feira (20). Torres está preso há mais de 90 dias por suposta omissão nos ataques de 8 de janeiro.

No despacho, Moraes argumenta que a manutenção da prisão é justificada por depoimentos e testemunhos que apontam indícios da participação de Anderson Torres em tentativas de dificultar a votação no segundo turno das eleições de 2022.

De acordo com o ministro, ainda estão presentes os requisitos para a manutenção da prisão de Torres, decretada em 12 de janeiro, "reforçados por  atos e fatos supervenientes" que "fortaleceram a necessidade da segregação da liberdade durante a continuidade da investigação criminal".

Entre os fatos, Moraes elenca "depoimentos de testemunhas e apreensão de documentos que apontam fortes indícios da participação do requerente na elaboração de uma suposta “minuta golpista” e em uma “operação golpista” da Polícia Rodoviária Federal para tentar subverter a legítima participação popular no 2º Turno das eleições presidenciais de 2022".

"Não bastasse isso, o requerente ANDERSON GUSTAVO TORRES suprimiu das investigações a possibilidade de acesso ao seu telefone celular, consequentemente, das trocas de mensagens realizadas no dia dos atos golpistas e nos períodos anterior e posterior; e às suas mensagens eletrônicas. Somente – mais de 100 dias após a ocorrência dos atos golpistas e com total possibilidade de supressão das informações ali existentes – autorizou acesso às suas senhas pessoais de acesso à nuvem de seu e-mail pessoal", diz o ministro.

Por meio de nota, a defesa de Torres disse receber a notícia da manutenção da prisão com "tranquilidade".

Em manifestação do último dia 17, o Ministério Público Federal foi favorável à soltura do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF. O órgão defendia a substituição da prisão pelo cumprimento de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e o veto ao investigado de se retirar do DF e manter contato com outros alvos da operação.

Um dos principais conselheiros do ex-presidente Jair Bolsonaro após a derrota eleitoral, o ex-ministro se tornou peça-chave das apurações da Polícia Federal sobre os responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro. Ele era o secretário de Segurança Pública do DF no dia dos atentados, mas estava fora de Brasília devido a uma viagem com a família para a Disney.

Durante um mandado de busca e apreensão cumprido no dia 12 de janeiro, a PF encontrou em sua residência uma minuta com o timbre do governo, cujo texto apócrifo “decretava” o “Estado de Defesa” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dois dias depois, ele foi preso ao desembarcar de um voo dos Estados Unidos, por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes.