BRASÍLIA

Padilha pede para CPMI ir atrás de financiadores de atos golpistas e diz que Bolsonaro é responsável

Ministro da Secretaria de Relações Institucionais evitou falar mirar em Bolsonaro, mas disse que todos os responsáveis serão investigados

Alexandre Padilha - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta sexta-feira que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas precisa mirar os agentes que financiaram os ataques.

"Tenho ouvido de líderes, tanto no Senado, quanto na Câmara, uma disposição e vontade muito grande de trazer para a CPMI aqueles que são acusados de terem financiado os atos terroristas. Quem pagou, quem financiou esse ataque à democracia precisa ser punido", declarou o ministro.

Padilha comentou sobre a CPMI ao sair de um evento da Assembleia de Deus de Madureira, onde junto com o presidente interino Geraldo Alckmin representou o governo. De acordo com ele, os trabalhos da CPI mista servirão como auxiliares das apurações já feitas em outras instâncias.
 

"Está sendo investigado já pela Polícia Federal, pelos membros do Judiciário, mas a CPMI certamente vai ser um espaço onde sejam identificados para a população, serem convocados quem financiou esses atos terroristas", afirmou.

Perguntado sobre a possibilidade de a base do governo mirar no ex-presidente Jair Bolsonaro, Padilha disse que todos aqueles que têm "responsabilidade financeira, quanto aqueles que planejaram, aqueles que mobilizaram" serão alvos.

"Vamos mirar todos aqueles responsáveis pelos atos terroristas. O ex-presidente é o responsável moral, espiritual, organizativo pelos atos terroristas do dia 8 de janeiro. Durante quatro anos ele semeou o ódio nesse país, semeou o ódio contra a Suprema Corte, contra o Judiciário, contra o sistema eleitoral brasileiro. Ficou o tempo todo estimulando atitudes golpistas". disse, reforçando que as apurações também são feitas pelo Judiciário.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro e pregaram um golpe contra Lula. O governo tentou impedir a instalação da CPI mista para impedir que bolsonaristas reverberassem versões contra o Palácio do Planalto. A mudança aconteceu após a divulgação de vídeos em que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias aparece em contato com invasores dentro do Planalto. Os vídeos foram revelados pela CNN e causaram a saída de Dias do cargo.

O ministro afirmou que o colegiado terá um perfil mais de embate político, mas reforçou a importância da CPI mista para desmontar versões da oposição de que o governo teria sido omisso.

"A CPMI tem o primeiro papel de ser o espaço de embate político. Vamos dar uma pá de cal na tentativa de construir uma narrativa conspiratória absurda, terraplanista como já disse, de que as vítimas, o Poder Executivo, Legislativo, o Supremo Tribunal Federal, a democracia são os responsáveis pelos atos terroristas",  disse.

Ainda de acordo com o responsável pela articulação política do governo, não há nada provado contra o ex-ministro do GSI. Dias prestou depoimento nesta sexta na sede da Polícia Federal.

"É importante esse depoimento. Tenho dito que imagens, sobretudo quando elas têm algum grau de edição, elas não são instrumentos que podem provar absolutamente nada. São instrumentos que as instituições que devem fazer essa apuração devem utilizar, como outros instrumentos para identificar a responsabilidade de todos aqueles que aparecem. Desde o garçom dos terroristas, desde o ex-ministro, que tem aparição em horário diferente", observou.

O petista também chamou atenção para o fato de que um militar aparece nos vídeos servindo água para os invasores no Palácio do Planalto e pede que as responsabilidade dele seja verificada.

"As imagens mostraram um agente militar agindo como um garçom dos terroristas dentro do Palácio do Planalto. Distribuindo água, fazendo papel de garçom, acolhendo os terroristas. Vai atrás daqueles de atuaram da forma de como atuaram aqueles agentes militares. Vai atrás de todos que tenham alguma responsabilidade", disse sobre o papel da CPMI.