Ministro interino do GSI diz que vai renovar servidores do órgão
Ministro interino do GSI diz que vai renovar servidores e propor novo desenho institucional para o órgão
O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Ricardo Cappelli, disse ao Globo nesta sexta-feira que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a missão de “renovar e oxigenar” o órgão, além de apresentar um novo desenho institucional para reformulá-lo.
Desde o início do mandato, Lula tem buscado desmilitarizar o Executivo. A chegada de Cappelli, após a turbulenta demissão do general Gonçalves Dias na quarta-feira, é vista como um catalisador para as mudanças no GSI, que tradicionalmente é chefiado por militares. Uma ala do governo defende passar a estrutura para o comando civil. Já o Ministério da Defesa prefere mantê-la com os militares.
"Temos dois focos centrais: avançar na oxigenação, na renovação do corpo funcional do Gabinete de Segurança Institucional e, ao mesmo tempo, apresentar ao presidente um levantamento das atribuições atuais e uma sugestão de desenho institucional e de funções que devem estar a cargo do GSI", afirmou Cappelli.
O ministro interino, no entanto, negou que a renovação dos servidores e o novo desenho institucional que será proposto, a partir de um levantamento histórico das diferentes atribuições que o GSI já teve, signifiquem necessariamente uma desmilitarização do órgão.
"Não há isso. A questão da renovação é natural de qualquer início de governo e o redesenho é uma discussão estratégica, já que o GSI teve diferentes papéis ao longo das décadas", disse.
As mudanças devem começar na semana que vem, uma vez que Cappelli assumiu o cargo há apenas um dia. Na quarta, seu antecessor, o general Gonçalves Dias, deixou o GSI após a divulgação de vídeos internos do Palácio do Planalto que mostram o militar circulando calmamente entre alguns golpistas e apontando a eles uma porta de saída. GDias, como é conhecido o ex-ministro, prestou depoimento à Polícia Federal na manhã de hoje e negou qualquer participação, por ação ou omissão, nos atos antidemocráticos.
Para Cappelli, a divulgação da íntegra dos vídeos gravados no Planalto em 8 de janeiro, determinada nesta noite pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, livrará o ex-chefe do GSI de qualquer suspeita.
"O general Gonçalves Dias é um servidor com décadas de serviços prestados ao Estado brasileiro. Agora é muito importante que as pessoas vejam as imagens sem os cortes, sem a edição, porque foram feitos cortes com claro intuito de atingir o governo e o general. Com a liberação das imagens vai ficar demonstrado que não há qualquer possibilidade de ilação com relação à conduta do general, que, inclusive, de forma muito honrosa, fez questão de se afastar das suas funções para que não houvesse dúvida sobre a lisura da conduta dele", afirmou.
Segundo o ministro interino, o GSI vinha tratando as imagens como sigilosas porque elas integram o inquérito sigiloso do STF que investiga as responsabilidades pelos atos golpistas. Cappelli informou que a decisão de Moraes foi em resposta a uma consulta feita por ele sobre a possibilidade de divulgar as imagens na íntegra.