De volta ao estúdio, "Conversa com Bial" aposta no esquema experimental de entrevistas, saiba mais
Adaptação na pandemia abriu portas para convidados e conversas além do estúdio
O período da pandemia forçou o late show “Conversa com Bial” a uma adaptação inevitável: a de encaixar o programa em um formato remoto. Superados os entraves tecnológicos, a equipe percebeu que poderia expandir as possibilidades do programa a partir do novo modo de operar, com convidados que dificilmente poderiam aparecer no estúdio, em especial, os internacionais.
Muitas doses de vacina depois, a produção volta ao ar aproveitando-se de todas as experiências adquiridas ao longo desses seis anos de existência. Desta forma, a dinâmica das entrevistas funciona muito bem em gravações feitas nos Estúdios Globo, em ambientes externos nos quais o apresentador vai até o convidado e também em conversas remotas. A esperada volta ao estúdio, entretanto, é também um retorno ao esquema de entrevista que público e convidados mais saudosistas estavam acostumados.
Existe uma grande diferença entre programas de entrevistas e talk shows. No primeiro, a estrela é basicamente o entrevistado e o foco da produção é no conteúdo da conversa. No segundo, a conversa com o convidado ainda se mostra importante, mas é o entretenimento que comanda a ação. É neste último que reside o “Conversa com Bial”. É claro que os formatos podem se misturar e ganhar outros contornos de acordo com a proposta de cada projeto. Na esteira do fim do “De Frente com Gabi”, em 2015, e do “Programa do Jô”, em 2016, houve um boom de produções do gênero. De Luciana Jimenez a Fábio Porchat, passando por Danilo Gentili, Marcelo Adnet e Tatá Werneck, emissoras escalaram figuras de diferentes áreas para conversas de formatos, linguagens e resultados oscilantes.
Hoje, o cenário é bem diferente e a verdade é que o telespectador que gostava de assistir a boas entrevistas antes de dormir está carente de opções. Sendo assim, é revigorante que o estilo tradicional e sem amarras do “Conversa Com Bial” volte ao ar em todas as suas possibilidades.
Bial mostra uma vaidade intelectual que não se justifica pelo seu currículo – repleto de apresentações de “BBB” –, mas sabe muito bem conduzir seus convidados. Mas segue pecando na reverência aos feitos dos entrevistados – alguns textos introdutórios, inclusive, parecem feitos por uma assessoria –, na excessiva demonstração de ficar emocionado e se levando a sério demais em um horário onde o público quer se desligar do mundo e apenas se deixar entreter.
Em contrapartida, o jornalista dispõe de um espaço com prestígio para atrair nomes do primeiro time de qualquer tema. Em algumas noites, galãs e heroínas da Globo podem falar sobre fofocas e sair do rasteiro esquema para publicizar as produções da própria emissora. Em outras, políticos e membros do judiciário conseguem burlar o protocolo em papos que vão além da corrupção ou autopromoção. Quando quer e o convidado ajuda, Bial tem munição suficiente para se destacar e mostrar a real relevância de suas conversas.