8 de janeiro

Militar do GSI disse à PF que dar água a golpistas era técnica para gerenciar crise

Major do Exército José Eduardo Natale Pereira foi flagrado por câmeras de segurança conversando com invasores do Palácio do Planalto, nos atos extremistas de 8 de janeiro

Capitão José Eduardo Natale de Paula Pereira - Reprodução

Flagrado por câmeras de segurança distribuindo água e conversando com invasores do Palácio do Planalto, nos atos golpistas de 8 de janeiro, o major do Exército José Eduardo Natale Pereira alegou que estava empregando uma técnica de gerenciamento de crise. A justificativa foi apresentada em depoimento à Polícia Federal (PF), neste domingo (23). O militar atuava no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e havia sido nomeado em 2020, durante a gestão do ex-ministro general Augusto Heleno, um dos conselheiros mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

As imagens que mostram as ações de Pereira foram liberadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (21), quando o magistrado determinou a quebra de sigilo.

São mais de 500 horas de gravação. Entre 16h09 e 16h18, Pereira aparece cinco vezes em diferentes pontos no mezanino do Palácio do Planalto, sempre conversando com golpistas. Em um desses momentos, ele bebe água e segue um manifestante, que parece indicar a ele o caminho.

Pereira era subordinado do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), no dia da invasão de golpistas. Conhecido com GDias, o militar pediu demissão na última quarta-feira (19) após virem à tona imagens dele no Palácio do Planalto no dia do ataque golpista.

Em depoimento à PF, GDias negou omissão e argumentou que estava retirando extremistas de um setor do Palácio do Planalto, sem efetuar prisões, porque estava fazendo "gerenciamento de crise". E acrescentou que teria mandado prender Pereira se soubesse que ele ofereceu água aos extremistas.

"Que indagado a respeito de o major José Eduardo Natale de Paula Pereira haver entregue uma garrafa de água a um dos invasores; que deve ser analisado pelas circunstâncias do momento os motivos do major, mas que, se tivesse presenciado, o teria prendido", disse GDias em depoimento.