Brasília

CPMI de 8 de janeiro: Congresso cria nesta quarta-feira comissão para investigar atos golpistas

Rodrigo Pacheco vai ler requerimento para instituir comissão mista

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve determinar, em sessão do Congresso marcada para as 12h desta quarta-feira (26), a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro. Pacheco vai ler o requerimento de abertura do colegiado e, depois disso, os líderes partidários irão indicar os integrantes.

Formada por 32 integrantes, sendo 16 senadores e 16 deputados, a CPMI deve esquentar o embate entre aliados e opositores ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dominar a pauta do Congresso nos próximos dias.

As vagas serão ocupadas conforme o tamanho dos blocos partidários, sendo 15 senadores e 15 deputados no colegiado, além de um deputado e um senador que participam em sistema de rodízio.

Os postos de destaque, como a presidência, que dita o ritmo dos trabalhos, e a relatoria, responsável pelas linhas de investigações, já são motivo de disputa política entre entre os partidos e os presidentes do Senado e da Câmara, como revelou O Globo.

Relatoria
Em reunião na última semana, o “blocão” do chefe da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tratou da indicação do deputado André Fufuca (PP-AL) para ser o relator da CPMI. O bloco é formado por parlamentares do PP, União Brasil, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Avante, Patriota e PSB.

Já o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), declarou a preferência pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria da Comissão. Randolfe passou os últimos dias próximo a Rodrigo Pacheco e Lula, em viagem oficial a Portugal.

Renan, adversário político de Lira, evita comentar sobre a possibilidade. Um outro cotado como possível relator no lugar de Renan é o senador Omar Aziz (PSD-AM), mas, assim como o primeiro, Aziz não diz se participará ou não da CPMI.

Presidência
Conforme apurado pelo Globo, Lira considera o deputado Arthur Maia (União-BA) um nome forte para a presidência da CPMI. Maia foi convocado a integrar a Comissão pelo líder da sua sigla, Elmar Nascimento.

O posto também é almejado por bolsonaristas do PL, que, por sua vez, tem como primeira opção o deputado André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento. Segundo o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, o nome do ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ) é cotado em um plano B, caso a indicação seja judicializada — Fernandes está entre os investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que investiga os autores políticos e intelectuais por trás dos ataques.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) escalou dois filhos para a CPMI: o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A participação de Eduardo chegou a ser negada pelo líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes. A cadeira foi cedida após uma ligação do pai a Altineu e a Valdemar. Antes, Nikolas Ferreira (PL-MG) era cotado pela cúpula da sigla para ocupar a vaga.

O Planalto pretende escalar novamente o trio que comandou a CPI da Covid do Senado em 2021: Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Omar Aziz (PSD-AM). Deputados como Lindbergh e André Janones (Avante-MG) também têm interesse em defender a atuação do atual governo durante o inquérito.

A comissão deverá investigar os ataques de 8 de janeiro, dia em que apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em tentativa de golpe contra o novo governo. Inicialmente, a gestão de Lula tentou impedir a instalação da CPI mista para evitar a difusão de versões contra o Palácio do Planalto. A guinada na postura aconteceu após a divulgação de vídeos, revelados pela CNN Brasil, em que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias aparece em contato com invasores no principal edifício do Executivo.