SAÚDE

Intolerância à lactose: metade dos brasileiros tem predisposição genética para a condição

Levantamento sobre o perfil do DNA da população do Brasil aponta o risco de desenvolvimento de outras doenças como diabetes, obesidade e câncer

Pixabay

Metade dos brasileiros têm predisposição para desenvolver intolerância à lactose. É o que aponta o levantamento "O perfil do DNA do brasileiro na saúde e bem-estar", feito pelo laboratório Genera. O estudo, que analisou dados de 200 mil DNAs de todas as regiões brasileiras, indica que 51% da população pode desenvolver a intolerância ao açúcar do leite.

Em comparação com outros países, a frequência brasileira foi considerada "intermediária". Em populações com origem no norte da Europa e Europa Ocidental a frequência é de 9%, enquanto que nos oriundos da região central da Itália esse dado aumenta para 83%. Já em pessoas com origem na Nigéria e leste asiático esse dado é de 100%.

O levantamento ainda apontou a predisposição genética dos brasileiros para diversas doenças, como alguns tipos de câncer. Segundo o estudo, o câncer de mama foi o mais prevalente. O alto risco foi registrado em 30,97% das pessoas analisadas, seguido pelo câncer de próstata com 23,57%. Foram constatadas ainda a significativa presença de alto risco para câncer de ovário (19,84%), de tireoide (18,9%), de bexiga (18,13%), colorretal (16,44%) e melanoma (11,12%).

O estudo constatou que o avançar da idade aumenta o risco de predisposição genética para algumas doenças, como é o caso do câncer de próstata, diabetes e doença celíaca.

Ao analisar as porcentagens referentes à baixo e alto risco de câncer de próstata, o levantamento apontou que, à medida que a idade do homem aumenta, a predisposição fica mais aparente. Pacientes com mais de 55 anos apresentam 2,4 vezes maior risco de alterações nos exames com relação àquelas de baixo risco detectado.

Já no caso de diabetes, pessoas com mais de 45 anos e consideradas de alto risco pelo teste genético apresentam um aumento de 150% na propensão de desenvolver a doença, se comparadas a indivíduos de baixo risco.

Cerca de 4% das pessoas analisadas cujo exame genético apontou propensão de alto risco para desenvolver a doença tiveram confirmação positiva para o problema em exames laboratoriais posteriores para diagnóstico. No caso de pessoas com idade superior a 55 anos, mais de 6% apresentaram a intolerância ao glúten na avaliação diagnóstica.

"Esses dados comprovam que ter conhecimento sobre as próprias condições genéticas, incentivar o acesso aos métodos preventivos de doenças, ao rastreamento e ao monitoramento regular delas, é o caminho mais recomendado para a tão almejada longevidade aliada a qualidade de vida", diz Ricardo Di Lazzaro, médico especializado em genética e CEO do laboratório Genera.

O levantamento também analisou traços genéticos relacionados à alimentação. O trabalho aponta que 64% das pessoas apresentam predisposição para apresentar a fome emocional, ou seja, aquela fome que não é uma necessidade do corpo, mas uma fuga da mente. Em contrapartida, apenas 36% das pessoas apresentam predisposição para maior sensação de saciedade; 34% têm maior tendência para a ingestão de açucares em grandes quantidades; 72% apresentam maior risco para o desenvolvimento da obesidade e 58% para o armazenamento de gordura corporal.

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Por fim, o estudo traz dados sobre as características físicas do brasileiro referentes aos impactos da idade. Um dos destaques é que 85% têm maior predisposição para fotoenvelhecimento, ou seja, o envelhecimento prematuro da pele devido à exposição solar e 58% das pessoas têm predisposição para desenvolverem calvície; 39% podem desenvolver degeneração macular relacionada à idade, doença que pode levar a perda da visão; e 86,06% dos brasileiros contam com fenótipo de proteção contra o desenvolvimento de osteoporose e 13,94% não possuem o marcador.

Participaram do levantamento pessoas com idades entre 18 e 65 anos que já fizeram teste genético no laboratório Genera, sendo: 2% do norte, 9% do nordeste, 9% do centro-oeste, 62% sudeste e 18% sul do Brasil. Apesar de haver pessoas de todas as classes sociais, vale destacar esse é um recorte que abrange pessoas que tiveram condições financeiras para adquirir o teste genético.