Haddad diz que desaceleração da economia devido a juro alto levará a problemas fiscais
Ministro afirma que governo tem tomado medidas impopulares, depois de criticar ações feitas pelo gestão Jair Bolsonaro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (27) que uma desaceleração da economia relacionada à condução da política monetária levaria a problemas fiscais, e voltou a pedir “harmonização” da ala monetária com a trajetória das contas públicas.
Haddad falou em debate no Senado sobre juros, inflação e crescimento, em que estava acompanhando do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O chefe da autoridade monetária tem sido alvo de críticas de alguns membros e aliados do governo pelo patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%. Por conta do nível elevado, essa taxa tende a restringir a atividade econômica.
— Se a economia continuar desacelerando por razões ligadas à política monetária, nós vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação será impactada. Eu não tenho como dissociar o monetário do fiscal — disse o ministro.
Haddad afirmou ainda que o governo tem tomado medidas impopulares, depois de criticar ações feitas pelo gestão Jair Bolsonaro durante a campanha de 2022. Segundo Haddad, as medidas do governo anterior somaram R$ 300 bilhões.
— Estamos tomando medidas difíceis de tomar, impopulares. Sobretudo por causa do populismo praticado (no ano passado). Não é fácil tomar medidas impopulares, mas são medidas que sanearam as contas para permitir um horizonte de planejamento maior — disse o ministro.
Entre as medidas de Haddad, estão a volta dos impostos federais sobre gasolina e etanol, que impactou o preço dos produtos na bomba.
Durante a sua fala, Haddad também disse que tem recebido diversos setores da economia com dificuldades.
— Nós estamos com vários setores da economia drasticamente afetados. Eu estou a todo o instante recebendo setores econômicos de vários típicos dizendo das dificuldades, vaio desde de uma Santa Casa até uma companhia aérea, passando pelo varejo. Essa harmonização é imprescindível para a gente a partir do ano que vem crescer com robustez e segurança — disse o ministro.
O ministro disse ainda é necessário recuperar a capacidade do Brasil de investir, pediu cortes de gastos e voltou a mirar o que chamou de “renúncias fiscais” como um fator a ser combatido de forma a aumentar a captação de recursos pela União.
O ministro afirmou que os conflitos distributivos do Brasil são “severos” e só se equacionam com crescimento econômico.
O ministro da Fazenda também voltou a destacar “vitória importante” com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deu ganho ao governo em julgamento de conjunto de ações sobre descontos do ICMS, que, pelas contas da equipe econômica, têm impacto potencial de até 90 bilhões de reais por ano para os cofres federais.