INFLAÇÃO

Campos Neto: "Não se consegue estabilidade social com inflação descontrolada"

Presidente do BC diz que a autarquia está buscando "suavizar" o ciclo de aperto monetário e os efeitos na economia. Caso contrário, os juros estariam em 26,5%, segundo estimativa.

Campos Neto: "Não se consegue estabilidade social com inflação descontrolada" - Pedro França/Agência Senado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender a atuação da autarquia no combate ao aumento de preços com o aperto monetário. Segundo ele, o nível de inflação no Brasil “precisa do trabalho que está sendo feito”, isto é, com a taxa básica de juros em 13,75%.

— Temos coletivamente, no governo, caminhado na direção correta e precisamos persistir no processo de garantir a estabilidade de preços, tão importante para os mais pobres. Não se consegue estabilidade social, com inflação descontrolada — afirma.

Na estimativa do Banco Central, o alcance da meta de inflação de 3,25%, para este ano, poderia ser atingido em menor prazo com uma taxa de juros de 26,5%. Mas, segundo Campos Neto, o BC não subiu os juros a essa taxa porque está buscando “suavizar” o ciclo de aperto monetário e os efeitos na economia.

— O Banco Central sempre suaviza os ciclos, o máximo possível, então a nossa tarefa é trazer a inflação para a meta com mínimo de custo possível para a sociedade. O crédito segue desacelerando de forma organizada — diz.

Crédito direcionado
No Senado, Campos Neto também diz que o “alto volume” de crédito subsidiado no Brasil tem efeitos negativos ao reduzir a eficiência da Selic e seria um dos motivos para mantê-la em patamar elevado. Ele não faz citação direta a nenhum banco público, mas é reconhecida a referência ao BNDES, que na nova gestão vem indicando mais força nos subsídios, em nome de aumentar o investimento em pequenas e médias empresas.

— Na parte da política monetária, temos um volume de crédito direcionado muito grande, é como se o Banco Central pisasse no freio e esse freio tivesse menos potência. Temos 42% do crédito na economia que é direcionado, que não está sobre o impacto direto da Selic. A média do mundo emergente é de 6%. Isso faz com que o trabalho fique mais difícil — alega.