Lula indica a ministros que vai convidar general "sombra de Dilma" para o GSI
Militar defende que pasta reassuma segurança do presidente e tenha comando da Abin
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou, em reunião com ministros no Palácio do Alvorada na manhã desta quinta-feira (27), que vai convidar o general da reserva Marcos Antonio Amaro dos Santos para comandar o Ministério do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A formalização do convite deve ocorrer em uma conversa com o militar, que até o começo da noite ainda não havia sido marcada.
O antigo titular da pasta, o general Gonçalves Dias, deixou o cargo no dia 19 depois que a CNN divulgou imagens suas caminhando entre invasores do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Desde então, o comando do ministério vem sendo exercido de forma interina pelo jornalista Ricardo Cappelli.
O presidente e o general ainda precisam definir como ficará a estrutura do GSI, que no momento está esvaziada. Em conversas com colegas militares, Amaro tem afirmado ser favorável que o gabinete cuide também da segurança do presidente e tenha sob seu comando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Ao tomar posse, Lula criou a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República para ser responsável pela proteção do chefe do Executivo. A secretaria está subordinada diretamente ao gabinete presidencial. Já a Abin foi transferida para a Casa Civil. Há dúvidas se Amaro aceitaria um ministério na estrutura atual.
Se concretizada, a nomeação de Amaro encerra um movimento dentro do governo que defendia o afastamento de militares do comando da pasta. A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, era uma das defensoras dessa ideia. Desde que foi criado, em 1938, o GSI sempre foi chefiado por militares.
A ala do governo que trabalha para o ministério continuar em seu formato tradicional argumenta que a mudança provocaria um grande desgaste com os militares, em um momento no qual Lula trabalha para pacificar as relações com a caserna. Fazem parte desse grupo os ministros Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa).
O general Amaro, como é conhecido, foi uma espécie de sombra da ex-presidente Dilma Rousseff, primeiro na Secretaria de Segurança Presidencial e, depois, como chefe da Casa Militar, órgão que exercia as funções do GSI no governo da petista. Ele ficou no posto até o impeachment, em maio de 2016. Depois, Amaro foi comandante militar do Sudeste e chefe do Estado-Maior do Exército.