Vacina bivalente da Covid: existe melhor hora do dia para tomar o imunizante? Entenda
Especialmente para aqueles com menos de 20 anos, e mais de 50, eficácia foi superior quando a aplicação da dose ocorreu por volta de 12h
Nesta semana, o Ministério da Saúde ampliou o reforço com a dose bivalente das vacinas da Covid-19 para toda a população acima de 18 anos. A maioria dos postos de saúde no Brasil permanece aberta entre 8h e 17h, horário em que os adultos podem atualizar a caderneta e a proteção contra o coronavírus. Mas existe uma hora específica em que se vacinar pode gerar uma resposta imunológica melhor?
É o que se questionavam pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Para descobrir a resposta, eles conduziram um estudo, recém-publicado na revista científica The Journal of Clinical Investigation, que analisou dados de 1,5 milhão de pessoas acima de 12 anos que se vacinaram contra a Covid-19 em Israel. E o resultado mostrou que sim, existe um horário do dia que induz uma imunidade ligeiramente maior.
Eles observaram que a eficácia da vacina teve um aumento que variou entre 8,6% e 25%, a depender da idade, quando recebida entre 10h e 14h, mais especificamente por volta de 12h. Esse benefício foi mais alto entre crianças e adolescentes, menores de 20 anos, e adultos com mais de 50 anos. Além disso, identificaram que idosos e pessoas imunocomprometidas que se imunizaram depois das 16h tiveram uma incidência levemente maior de hospitalizações.
O trabalho foi conduzido com as doses da Covid-19, mas Haspel acredita que a tendência de horários é a mesma para outras vacinas. Isso porque os pesquisadores estimam que a causa dessas diferenças é o papel do ritmo circadiano, mudanças pelas quais os corpos passam durante em um período de 24 horas.
“Nossos dados são específicos para a vacinação contra a Covid-19, mas existem alguns pequenos estudos que também sugerem que a vacinação contra Influenza (gripe) pode ser mais eficaz no início do dia. Como essas tendências acompanham um fenômeno biológico básico, é possível que esse padrão reflita as vacinações em geral. Mas precisamos de mais pesquisas para confirmar isso”, diz o especialista.
Os cientistas citam que outros trabalhos, incluindo pesquisas na própria universidade, demonstram como o chamado relógio biológico regula a produção de algumas substâncias do corpo, aumentando e diminuindo o ritmo ao longo do dia. Além disso, que uma série de componentes que fazem parte do sistema imunológico, como a resposta inflamatória do corpo e o movimento das células imunológicas, também seguem as mudanças desse padrão.
“Este estudo observacional não pode demonstrar se algum desses ritmos específicos do sistema imunológico é responsável pelo ciclo que vemos na eficácia da vacina, mas estamos muito interessados em investigar mais essas questões”, explica Haspel.