Fitch rebaixa nota da França, após protestos contra reforma da Previdência
Agência de rating vê pressões sociais como risco à agenda de reformas de Macron
A Fitch rebaixou o rating de longo prazo em moeda estrangeira da França de “AA” para “AA-", com perspectiva estável. Segundo a agência de classificação de risco, a revisão reflete a expectativa de crescimento da dívida pública e os possíveis impactos dos recentes protestos no país contra a aprovação de alterações no sistema de aposentadorias para a agenda de reformas do presidente Emmanuel Macron.
"O impasse político e os movimentos sociais (às vezes violentos) representam um risco para a agenda de reformas do (presidente Emmanuel) Macron e podem criar pressões para uma política fiscal mais expansionista ou uma reversão de reformas anteriores”, destaca a agência em comunicado.
O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, disse lamentar "a avaliação pessimista" da Fitch que, segundo ele, "subestima as consequências das reformas", como o recente aumento da idade legal de aposentadoria de 62 para 64 anos.
Macron tentou impor reformas impopulares no sistema de aposentadoria da França, incluindo o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, insistindo que as mudanças são necessárias para que o sistema de pensões seja financeiramente viável.
A Fitch, que também revisou para cima a perspectiva do país de negativa para estável, disse que a economia francesa crescerá 0,8% este ano, em linha com a média da zona do euro, mas abaixo da previsão de crescimento de 1,1% da agência em sua última revisão em novembro.
A economia avançou ligeiramente no primeiro trimestre, apesar de uma série de greves contra o projeto de lei de reforma previdenciária do governo, mas a inflação permaneceu elevada.
A incerteza em torno da trajetória da receita permanece alta, já que o forte desempenho recente pode ser pelo menos parcialmente impulsionado por fatores temporários, incluindo a recuperação econômica e a alta inflação, acrescentou a agência.
A agência de classificação acrescentou que as métricas fiscais do país são mais fracas do que seus pares e espera que a relação dívida /PIB do governo geral permaneça em uma tendência de alta modesta, refletindo déficits fiscais relativamente altose progresso apenas modesto na consolidação fiscal.
A França enfrenta um alto custo do serviço da dívida no momento, com o país tomando empréstimos em cerca de 3%, contra 1% há um ano. Na sexta-feira, o ministro do Orçamento francês, Gabriel Attal, disse que até 2027 o custo do serviço da dívida do país pode ser o maior item de gastos orçamentários.
Inflação deve ceder
A Fitch previu que as pressões inflacionárias diminuirão durante o segundo semestre de 2023 devido aos efeitos de base e que a inflação ficará em média em 5,5% em 2023, antes de cair para 2,9% em 2024.
A segunda maior economia da zona do euro viu sua inflação subir para 5,9% na comparação anual em abril, de 5,7% em março. A agência de estatísticas INSEE atribuiu o aumento da inflação em parte aos preços mais altos da energia.