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Com presença de Lula, centrais sindicais fazem ato pelo Dia do Trabalhador em São Paulo

Elas trazem na pauta 15 reinvindicações para melhoria das condições dos trabalhadores

Lula em evento do Dia do Trabalhador em São Paulo - Nélson Almeida/AFP

Sob forte calor, as centrais sindicais realizaram na manhã desta segunda-feira, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, um ato unificado pelo Dia do Trabalhador. Com o lema, “Emprego, Renda, Direitos e Democracia”, as entidades trazem na pauta 15 reivindicações ao governo que tratam desde a política de valorização do salário mínimo até a regulamentação do trabalho por aplicativos e a defesa das empresas públicas. O presidente Luiz inácio Lula da Silva confirmou presença no evento.

Participam do ato a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Intersindical (Classe Trabalhadora), Nova Central e Pública.

O ato foi orçado em R$ 600 mil e será custeado pelas centrais. O evento começou por volta das 10h, com falas dos representantes de movimentos negros pedindo mais representatividade. Mas os trabalhadores chegaram mais cedo.

— A luta não tem sido fácil. Precisamos mostrar que os trabalhadores estão unidos. Queriam acabar com os sindicatos — disse a cuidadora Ozenir Leite da Silva, de 55 anos, moradora de Mauá, que chegou ao local por volta de 9h. Ela trabalhou durante mais de 20 anos em sindicatos, entre eles o dos metalúrgicos de São Paulo, e acha importante marcar presença no ato.

Entre as atrações culturais no Anhangabaú, já se apresentou o cantor Zé Geraldo, e estão confirmados Leci Brandão, Toninho Geraes, Almirizinho, MC Sofia, Edi Rock, Dexter e Sidney Magal. Haverá também apresentação do grupo bloco Ilú Obá de Min e a discotecagem ficará com a DJ Maria Teresa.

Nos discursos, os sindicalistas cobram maior pressão sobre o presidente do Banco Central para queda de juros e elogiaram a isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 2.640,00. Também criticaram o desemprego e mostraram apoio ao MST, que tem ocupado propriedades privadas.

Há ainda críticas à possível privatização da Sabesp e ao governador Tarcísio de Freitas, que, nesta segunda, está ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro participando da Agrishow, em Ribeirão Preto. Apesar do apoio às ideias defendidas pelo governo federal, Miguel Torres, presidente da Força Sindical, garantiu que as centrais continuarão cobrando o presidente Lula.

- Estamos cobrando o governo. Queremos a política do salário mínimo que recupere o aumento real que não foi dado nos últimos quatro anos. Essa discussão continua aberta. Queremos participação politica dos trabalhadores nas decisões. Já tínhamos uma política dand certo, mas isso foi quebrado. Estamos repavimentando. Queremos um salário mínimo de R$ 1.492,00 para repor as perdas dos últimos quatro anos - afirmou.

Ele disse que as centrais não defendem a revogação da reforma trabalhista, mas revisão de alguns pontos. O presidente da Força lembrou que casos de trabalho escravo, que recentemente foram denunciados, são produtos da terceirização do trabalho. Torres afirmou que foi criado um grupo para discutir a situação dos motoristas e entregadores de aplicativos, outra reivindicação das centrais.

- Defendemos uma nova regulamentação da MEI e do PJ. Precisamos achar caminhos para reintegrar os profissionais ao mundo dos direitos trabalhistas.

Cargos e reuniões com Lula
A relação entre Lula e as centrais sindicais continua positiva. Tanto que sindicalistas e representantes dessas entidades vêm ganhando cargos nos conselhos do governo e nos fundos de pensão de empresas estatais.

Na semana passada, Lula recebeu as centrais no Palácio do Planalto para antecipar algumas das medidas em benefício dos trabalhadores anunciadas em pronunciamento em rede nacional de tevê ontem. As centrais foram ignoradas, e, em alguns casos, até mesmo atacadas nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Ainda assim, há uma disputa por espaço entre os diferentes grupos sindicais, com críticas abertas a uma suposta prevalência da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em nomeações e nas tratativas com o Executivo, conforme mostrou reportagem de O Globo, nesse domingo.

Ontem, Lula confirmou no pronunciamento na TV que o salário mínimo passará dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320,00 a partir de hoje. Ele já enviou MP com o novo valor ao Congresso. O presidente também confirmou a isenção de IR para quem ganha até R$ 2.640,00.

Lula disse que haverá aumento gradativo de isenção de IR para a faixa de trabalhadores que ganham até R$ 5 mil até 2026, ano em que termina seu mandato. Trata-se de uma promessa de campanha para agradar à classe média, onde Lula ainda sofre resistências.

O presidente também prometeu às centrais, na semana passada, retomar a política de recuperação e valorização permanente do salário mínimo, através de um projeto de lei. O reajuste do mínimo deverá considerar a inflação do ano (medida pelo INPC) e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), dos dois anos anteriores. Trata-se da mesma política que vigorou nos governos anteriores do PT e que evitava perdas salariais.

Contribuição assistencial
A reforma trabalhista feita no governo do ex-presidente Michel Temer, extinguiu a contribuição sindical obrigatória, o que enfraqueceu financeiramente os sindicatos. Em comemorações do Dia do Trabalhador, no passado, era comum o sorteio de apartamentos e carros. Hoje, isso acabou.

Mas o Supremo Tribunal Federal (STF) está a um voto de voltar a autorizar a contribuição assistencial de trabalhadores não sindicalizados de forma compulsória. A contribuição assistencial é um tipo de taxa utilizada para custear as atividades do sindicato, estabelecida em assembleia e não tem valor fixo. Hoje, ela é cobrada apenas dos trabalhadores sindicalizados.