Crédito

Lula vai propor crédito para Argentina em reunião com Fernández

Presidente da Argentina virá ao Brasil

Presidente argentino, Alberto Fernández, virá ao Brasil nesta terça-feira e se reunirá com Lula e a equipe econômica. - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai propor ao presidente da Argentina Alberto Fernández um financiamento às empresas brasileiras que vendem para o país. O presidente argentino virá ao Brasil nesta terça-feira e se reunirá com Lula e a equipe econômica.

A informação foi dada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, durante entrevista para a GloboNews.

— A gente vem discutindo algum tempo o que a gente chama de crédito para exportação. Na verdade é um financiamento às empresas brasileiras que vendem para a Argentina e são essas empresas que importam serviços e e mercadorias do Brasil — afirmou o secretário.

Como o Globo mostrou, em meio à deterioração da situação econômica e financeira da Argentina, o presidente do país, Alberto Fernández, fará uma visita a Brasília nesta terça-feira. O encontro foi combinado em conversa telefônica com Lula na última quinta-feira. A agenda vai tratar de mecanismos de financiamento para as exportações brasileiras para o mercado argentino, dada à escassez crítica de divisas no país.

De acordo com Galípolo, cerca de 210 empresas brasileiras comercializam com a Argentina. O país é considerado um parceiro comercial importante, segundo o secretário, principalmente em produtos industriais, que tem maior valor agregado.

— Nos últimos cinco anos, por ausência de mecanismos do Brasil para financiamento das exportações brasileiras e importações argentinas, perdemos aproximadamente US$ 6 bi de espaço na balança comercial com a Argentina para a China, que vem viabilizando mecanismos de financiamento em alternativas em meio de pagamento — afirmou durante a entrevista.

As dificuldades financeiras da Argentina — que tem suas reservas líquidas no Banco Central praticamente zeradas — foram discutidas por uma missão enviada pelo governo Fernández a Brasília no início de março. Participaram da viagem o secretário de Comércio, Matias Tombolini, e a secretária de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, Cecilia Todesca.

Acompanhados pelo embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, agora pré-candidato à Presidência do país, os enviados do governo argentino se reuniram com a secretária de Comércio Exterior do governo brasileiro, Tatiana Prazeres, e solicitaram justamente a ajuda do Brasil para financiar o pagamento das exportações brasileiras para o mercado argentino. A resposta do Brasil ainda não chegou, e a visita de Fernández reflete o estado crítico das finanças de seu país.

Nos primeiros dois meses do ano, as exportações brasileiras para a Argentina aumentaram quase 20% em comparação ao mesmo período do ano passado. A tendência preocupa a Casa Rosada, num cenário de dramática escassez de divisas para financiar as importações do país. Há muito tempo, os exportadores brasileiros se queixam pela demora em receber os pagamentos por suas vendas para a Argentina — em muitos casos de até 180 dias ou mais —, e atualmente a situação atingiu níveis muito complicados para ambos os lados.

Em março passado, fontes argentinas explicaram que uma das possibilidades cogitadas pelo país era um swap entre bancos centrais, similar ao que a Argentina tem com a China — país que, dadas às facilidades de financiamento que oferece para suas exportações, enfrenta menos restrições para que seus produtos entrem na Argentina. O swap com a China foi fechado em 2020, por um total de US$ 20 bilhões. O mecanismo prevê, em grandes termos, o envolvimento dos bancos centrais, onde ambos os países fazem um depósito em sua moeda local, que financia as exportações de cada lado. Assim, o exportador recebe o pagamento em sua moeda, sem atrasos.