Dia do Trabalhador

Em ato de 1º de maio, Lula volta a criticar juros e atribui desemprego à taxa alta

Presidente discursou durante evento pelo Dia do Trabalhador, realizado por oito centrais sindicais no Vale do Anhangabaú, em São Paulo

Presidente Lula afirmou que os juros no patamar de 13,75% têm parte na situação em que vivemos atualmente no mercado de trabalho - José Cruz/Agência Brasil

Em meio aos pedidos de queda de juros feitos por sindicalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou nesta segunda-feira esses discursos dizendo que a taxa de juros no Brasil não controla a inflação, mas sim o desemprego.

Durante ato pelo Dia do Trabalhador, realizado por oito centrais sindicais, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, o presidente afirmou que os juros no patamar de 13,75% têm parte na situação em que vivemos atualmente no mercado de trabalho. São 39 milhões de desempregados.

— A taxa de juros não controla a inflação, mas controla o desemprego. Porque é responsável por parte da situação que vivemos atualmente — afirmou o presidente aos presentes no ato.

Lula reafirmou o aumento do salário mínimo para R$ 1.320,00, a partir de hoje, e disse que os ricos também ganham com isso, à medida que o trabalhador consome mais, girando a roda-gigante da economia, estimulando vendas do comércio e da indústria.

— Não é só o trabalhador que ganha. O trabalhador compra mais comida, estimula as vendas do comércio e da indústria. Isso gera mais emprego e move a roda gigante da economia. Até os mais ricos ganham com isso.

O presidente também disse que retomará a política de recuperação e valorização permanente do salário mínimo, através de um projeto de lei. O reajuste do mínimo deverá considerar a inflação do ano (medida pelo INPC) e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), dos dois anos anteriores. Trata-se da mesma política que vigorou nos governos anteriores do PT e que evitava perdas salariais.

Lula criou nesta segunda-feira um grupo de trabalho para elaborar propostas para a regulamentação do trabalho por aplicativos. O decreto foi publicado em Edição Extra do Diário Oficial da União. O presidente disse no ato das centrais sindicais que não tem problema trabalhar em aplicativo, mas que a categoria precisa de seguridade social.

— Não tem problema trabalhar em aplicativo. Muitas vezes, o trabalhador não quer assinar a carteira. Mas precisa ter seguridade social — disse o presidente.

— Por que os trabalhadores tem pagar IR se os patrões não pagam imposto sobre lucros e dividendos? Estamos atendendo o pedido das centrais sindicais e estudando isso para o próximo ano — afirmou.

Ato de 1º de Maio

Sob forte calor, as centrais sindicais realizaram na manhã desta segunda-feira, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, um ato unificado pelo Dia do Trabalhador. Com o lema, “Emprego, Renda, Direitos e Democracia” as entidades trazem na pauta 15 reivindicações ao governo que tratam desde a política de valorização do salário mínimo até a regulamentação do trabalho por aplicativos e a defesa das empresas públicas.

Participaram do ato a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Intersindical (Classe Trabalhadora), Nova Central e Pública. À tarde, acontecem as apresentações musiciais.

O evento começou por volta das 10h, com falas dos representantes de movimentos negros pedindo mais representatividade. Mas os trabalhadores chegaram mais cedo. Eram esperadas cerca de 25 mil pessoas, segundo os organizadores.

Nos discursos, os sindicalistas criticaram o governo de Jair Bolsonaro e Michel Temer, quando o trabalhador perdeu direitos, e cobraram maior pressão sobre o presidente do Banco Central para queda de juros e elogiaram a isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 2.640,00. Também criticaram o desemprego e mostraram apoio ao MST, que tem ocupado propriedades privadas.