BRASÍLIA

Sai até quarta (3) comando da CPMI que vai investigar os atos do 8 de janeiro

O deputado André Fufuca (PP), o senador Renan Calheiros (MDB) e o senador Osmar Aziz (PSD) estão cotados para serem presidente e relator da comissão da CPMI

Manifestantes invadindo o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro - TON MOLINA / AFP

Até amanhã, a CPI Mista que vai investigar os atos de 8 de janeiro, que culminaram com a quebradeira no Congresso, Supremo e Palácio do Planalto, terá definido o seu comando – presidente e relator. O deputado André Fufuca (PP), o senador Renan Calheiros (MDB) e o senador Osmar Aziz (PSD) estão cotados para serem presidente e relator da comissão. O medo, pelo espírito revanchista da oposição e a tentativa de domínio do colegiado pelo governo, é que venha a paralisar as atividades do Congresso.

Muitos parlamentares avaliam que a CPI vai representar “o terceiro turno” e aumentar “mais ainda a divisão do País”. Há, também, os que acham que pode acabar se constituindo numa espécie de terceiro turno da eleição presidencial passada. 

Fiador da oposição como relator da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que colou em Jair Bolsonaro o epíteto de “genocida” na condução do país durante a pandemia de coronavírus, o senador Renan Calheiros tem um duplo objetivo ao se apresentar como candidato a “homem-chave” provável CPI.

Além de marcar posição contra o desafeto político e presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que trava uma briga pessoal contra o alagoano pela indicação da relatoria, Calheiros fez chegar ao Palácio do Planalto que ele repetiria a dose contra o bolsonarismo na nova CPI e tem experiência suficiente para fazer “a investigação que precisa ser feita”.

A relatoria de uma CPI é o posto mais importante do colegiado por decidir os rumos da apuração, elencar quem e quando cada alvo deve se apresentar para ser interrogado e redigir o relatório final que listará culpados e crimes pelos atos de que depredaram as sedes dos três poderes. O duelo político entre Renan e Lira leva em conta o fato de a comissão de inquérito ser mista e, portanto, tanto senadores quanto deputados terão assento como titulares e ambos terem a ambição de emplacar postos-chave, como o presidente e o relator.

Renan trabalha em nome próprio e Lira tentou apadrinhar André Fufuca (Progressistas-MA) e depois Arthur Maia (União-BA), considerados homens de confiança do parlamentar e seus olhos no andamento das investigações. Na noite de segunda-feira, 24, o Palácio do Planalto contabilizava que Calheiros havia perdido a batalha para Lira, mas o cenário se reverteu no dia seguinte, quando um aparente acordo para que coubesse a um deputado a relatoria dos trabalhos foi desfeito. Na sequência, nova reviravolta e a retomada das pressões de Lira para indicar pelo menos o presidente da CPI.