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Presos quatro PMs envolvidos em estupro de jovem no Rio de Janeiro

Crime ocorreu na semana passada em local deserto; quatro agentes estão sendo investigados pela Corregedoria da Polícia Militar

Operação da PM prende policiais envolvidos em estupro de jovem na Região dos Lagos - Reprodução TV Globo

A Corregedoria da Polícia Militar prendeu, nesta segunda-feira (1º), quatro agentes suspeitos de envolvimento no estupro de uma jovem de 18 anos na Região dos Lagos. Alexsander Moreira de Simas, Diogo Viana Lourenço, Gerson Jucá Rolim de Paula e Sanclair Marinho Antunes Corecha tiveram prisão preventiva decretada.

A vítima denunciou ter sido torturada e estuprada na noite de quarta-feira, em Saquarema, na Região dos Lagos. Ela revelou que foi ameaçada com uma faca por um agente. O crime aconteceu no distrito de Bacaxá. O cabo Gerson Jucá Rolim de Paula, suspeito de cometer o ato, estava na viatura acompanhado de Simas. Os outros dois PMs estavam em um segundo carro, que acompanhou os agentes que estavam com a vítima até um local deserto.

A Corregedoria Geral da PM foi informada do crime na última sexta-feira, após a queixa da vítima na 118° DP (Araruama) e está investigando o caso através da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar. O órgão fez contato com o comando do 25° BPM (Cabo Frio) e com a delegacia que investiga o caso e obteve a identificação dos agentes e o laudo pericial da 118ª DP (Araruama).
 

O exame de corpo de delito, realizado no Instituto Médico-Legal (IML) horas após o registro de ocorrência na delegacia, apontou a existência "lesão corporal contusa em membros superiores, vulva e vagina". O relatório descreve também "vestígios de violência sexual", além de hematomas nos braços causados por "ação contundente". O advogado de defesa da vítima, Thiago Camarinha, afirmou que a jovem está trancada dentro de casa desde a denúncia.

— Ela está traumatizada. Só consegue falar porque quer justiça, mas está com muito medo — contou Camarinha.

No dia do crime, os policiais identificados pela vítima estavam de serviço em Saquarema pelo Proeis, programa de reforço de segurança.

A vítima contou na delegacia que foi a um bar na noite de quarta-feira em Bacaxá a convite de uma amiga. No local, presenciou a chegada de um grupo de três jovens que estariam usando drogas na área externa. O grupo se dispersou com a chegada de um carro da PM. Segundo o relato, dois PMs que estavam no carro — identificados como o cabo Gerson Juca Quirino Rolin de Paula, lotado na UPP Rocinha, e cabo Simas, da UPP do Alemão — desceram e as abordaram. As duas jovens foram levadas para o carro. Os policiais teriam afirmado que "ação fazia parte do procedimento".

Os PMs teriam levado a dupla para uma região de mata, no bairro Vilatur, a seis quilômetros de Bacaxá. A vítima disse ter estranhado a rota e a atitude dos policiais e afirmou ter pedido para ir ao banheiro. Naquele momento, o cabo Gerson Juca Quirino Rolin de Paula teria se oferecido para acompanhá-la, tendo, então, cometido o crime.

A amiga da vítima não teria sido abusada nem presenciado a ação, já que o crime foi cometido longe de onde os policiais teriam parado a viatura. A vítima retornou ao carro aparentando estar desorientada e com sinais de violência.

A vítima identificou dois agentes acusados de cometer o estupro e mais dois policiais que estavam em uma segunda viatura, que acompanhou os agentes que estavam com a vítima até o local deserto. Em nota, a PM informou que a Corregedoria pediu apoio à Secretaria de Segurança de Saquarema, que forneceu os dados do GPS das viaturas utilizadas pelos policiais, assim como as imagens das câmeras de monitoramento da cidade.

Os quatro policiais envolvidos na abordagem e condução da vítima foram ouvidos na 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar. A nota diz ainda que, "apesar de a vítima identificar apenas um autor, os demais agentes que estavam no local, concorrem à mesma pena, sendo indiciados pela investigação da Corregedoria como co-autores".

Os mandados de prisão foram expedidos do Plantão Judiciário da Capital, após a Corregedoria avaliar que é necessária a prisão dos agentes envolvidos no caso. O material da investigação será analisado pelo Ministério Público Militar, que vai acompanhar o caso, que será depois encaminhado à Justiça.