Oito corpos são encontrados em reserva indígena Yanomami
Local foi epicentro de ações policiais para expulsão de garimpeiros
Oito pessoas foram encontradas mortas em terras Yanomami, em Roraima, epicentro de operações policiais para expulsar garimpeiros e onde foram registradas outras cinco mortes desde o último sábado (29), incluindo a de um indígena.
A Polícia Federal informou nesta terça-feira (2) em comunicado que investiga as circunstâncias do falecimento de oito pessoas, encontradas na segunda-feira e cujas identidades ainda não foram divulgadas.
Segundo o G1, os corpos seriam de garimpeiros que estavam na região do Uxiú, onde um indígena morreu e outros dois ficaram feridos no sábado.
"A Polícia Federal já articulou com as demais forças de Segurança Pública e Defesa envolvidas na Operação Libertação a retirada dos corpos do local e realização dos exames médico-legais para se descortinar as causas das mortes e coleta de outras informações que auxiliem na elucidação do ocorrido", indicou a PF no comunicado.
Os corpos tinham marcas de tiros e flechas, o que pode significar um confronto com indígenas.
A escalada de violência ocorre em meio à realização de uma operação policial lançada em fevereiro pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva para expulsar milhares de garimpeiros que há anos ocupam ilegalmente a reserva indígena Yanomami.
Os garimpeiros são acusados de desencadear uma crise humanitária.
De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que visitou a região, cerca de 80% dos garimpeiros já deixaram o local.
Em outro ponto da reserva Yanomami, no final de semana, quatro garimpeiros morreram após receber a tiros a Polícia Rodoviária Federal (PRF), quando os agentes se aproximavam para desmantelar um de seus acampamentos.
"O Governo Federal não vai ceder um milímetro nesse enfrentamento, por isso também está reforçando a segurança daqueles que atuam na linha de frente, para que tenham total segurança no exercício de suas atividade institucionais", escreveu Guajajara na segunda-feira no Instagram.
Líderes dos Yanomami afirmam que os garimpeiros contaminaram as águas dos rios com mercúrio, destruíram a floresta, estupraram e assassinaram membros da comunidade indígena, além de desencadear uma crise alimentar.
A reserva é uma das várias que sofreram um grande fluxo de garimpeiros durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ambientalistas acusam de ter incentivado as invasões.