Monarquia Britânica

Londres prepara uma de suas "operações de segurança mais importantes" para a coroação

Além de possíveis ataques, a polícia vai monitorar manifestantes, ambientalistas ou antimonarquistas, que buscam "perturbar a ordem pública"

Londres prepara uma de suas "operações de segurança mais importantes" para a coroação - Justin Tallis / AFP

A coroação de Charles III terá uma das "mais importantes operações de segurança" que o Reino Unido já viu, explicou o governo nesta quarta-feira (3), procurando tranquilizar a população após a detenção de um homem na véspera em frente ao palácio.

Mais de 2 mil pessoas, incluindo chefes de Estado, reis e membros de várias monarquias, políticos e representantes da sociedade civil, participarão da cerimônia na Abadia de Westminster, no centro de Londres, no sábado (6).

Dezenas de milhares de curiosos vão lotar o Mall, a grande avenida que começa no Palácio de Buckingham, para ver passar a carruagem real, acompanhada em procissão por milhares de soldados em uniforme de gala, para a primeira coroação de um monarca britânico em 70 anos.

Apesar de o rei querer organizar um evento de menor magnitude do que a coroação de sua mãe em 1953 ou o funeral dela em setembro, o ato exigirá uma imponente operação de segurança.

Apelidado de "operação orbe de ouro", o dispositivo para proteger a rota de entrada e saída da abadia incluirá francoatiradores nos telhados e agentes à paisana, detectores de metais, cães farejadores e uma zona de exclusão aérea sobre o centro da cidade.

A polícia também usará a tecnologia de reconhecimento facial nas ruas. "A lista de observação se concentrará naqueles cuja presença (...) causaria preocupação, incluindo pessoas procuradas por crimes ou com um mandado de prisão pendente", disse a Scotland Yard em um comunicado.

"Teremos a maior mobilização de oficiais em um único dia em décadas, com pouco mais de 11.500 agentes de serviço", disse o vice-comissário adjunto Ade Adelekan.

Um detido
Será "uma das operações de segurança mais importantes" que o país já viveu, depois da que resultou no funeral da rainha Elizabeth II, em setembro, que morreu aos 96 anos, sublinhou o secretário de Estado da Segurança, Tom Tugendhat.

"Nossos serviços de inteligência e nossas forças de ordem estão totalmente cientes dos desafios que enfrentamos e estão prontas para enfrentá-los, assim como a polícia fez ontem", disse ele à Times Radio.

No final da tarde de terça-feira, policiais prenderam um homem do lado de fora do Palácio de Buckingham, que havia jogado objetos semelhantes a cartuchos de fuzil pelo portão de metal.

Por "precaução", a polícia procedeu a uma explosão controlada de um saco suspeito transportado pelo detido e, embora estivesse armado com uma faca, afirmou não considerar o incidente um ato terrorista.

Charles III não estava no palácio na ocasião, mas horas antes havia recebido ali o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em um dos primeiros encontros bilaterais do monarca com seus convidados, que na sexta-feira receberá, entre outros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Manifestações
A casa real britânica negou informações de que a operação custaria cerca de 100 milhões de libras (US$ 125 milhões, R$ 629,11 milhões na cotação atual), o que atraiu críticas em um momento em que muitos britânicos sofrem com a alta do custo de vida.

"Vi várias estimativas, algumas mais extravagantes do que outras", disse um porta-voz do palácio.

"Uma ocasião nacional como esta, um grande evento de Estado, atrai um enorme interesse mundial que mais do que compensa as despesas envolvidas", acrescentou.

Além de possíveis ataques, a polícia vai monitorar manifestantes, ambientalistas ou antimonarquistas, que buscam "perturbar a ordem pública", disse ele, prometendo "firmeza" e "tolerância zero".

"O direito de protestar é fundamental e isso não vai mudar", disse um porta-voz do primeiro-ministro Rishi Sunak a repórteres. Mas "esperamos que o mundo inteiro se reúna" no sábado e reconheça a coroação como uma ocasião de "unidade nacional", acrescentou.

O grupo antimonarquia "Republic" espera reunir pelo menos mil pessoas para vaiar a procissão real em Trafalgar Square, mas garantiu que não pretende "de modo algum" prejudicar o seu desenvolvimento.