Operação Venire

Saiba quem são os presos e onde foram feitas as buscas da operação da PF que tem Bolsonaro como alvo

Ex-assessores do ex-presidente estão entre os seis detidos nesta manhã em investigação que apura inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde; o secretário de governo de Duque de Caxias também foi preso

Os ex-ajudantes Mauro Cid e Max Guilherme foram presos pela PF - Reprodução

Seis pessoas atreladas ao antigo governo de Jair Bolsonaro (PL) foram presas na manhã desta quarta-feira (3) e 17 são alvos de busca e apreensão na Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal (PF), para apurar a inserção de dados falsos referentes à vacinação contra a Covid-19. No caso do ex-presidente, um mandado foi cumprido na casa onde ele mora, no Jardim Botânico, no Distrito Federal, e o seu celular foi apreendido.

Entre os detidos em Brasília, estão os ex-funcionários Mauro Cid, Max Guilherme e Sérgio Cordeiro. Outro assessor, Marcelo Câmara, é alvo de busca e apreensão. Todos os citados foram com o ex-presidente em seu autoexílio de três meses em Orlando, na Flórida.

Já no Rio, o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, foi preso. O deputado federal Gutemberg Reis (MDB), irmão do ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis, é alvo de busca e apreensão.

Saiba quem são os presos:
Mauro Cid

Cid tem um histórico de relacionamento com o ex-presidente que vem de família. Ajudante de ordens de Bolsonaro durante o seu governo, Mauro Cid é filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega do ex-presidente no curso de formação de oficiais do Exército. Desde esse período, Bolsonaro mantém uma amizade com Lourena Cid.

Mauro Cid ascendeu na carreira no governo passado, quando foi promovido a tenente-coronel. Seu nome ganhou notoriedade durante o escândalo das joias da Arábia Saudita, revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. O ex-ajudante tentou reaver o primeiro conjunto, avaliado em R$ 16,5 milhões em duas ocasiões.

Max Guilherme
O policial militar Max Guilherme continuava próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mesmo após o fim de seu mandato. Nesta segunda-feira, o segurança esteve com o ex-chefe do Executivo na Agrishow, maior feira agrícola do país que ocorreu em Ribeirão Preto (SP). Em suas redes sociais, ele divulgou registros de Bolsonaro no interior paulista.

Ex-sargento do Bope, o segurança do ex-presidente estava com Bolsonaro em quase todas suas agendas recentes. Em 27 de abril, chegou a compartilhar uma foto dos dois almoçando macarrão instantâneo.

Sérgio Cordeiro
Já Sérgio Cordeiro fez parte da equipe de segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro e era dono do imóvel onde o ex-presidente fazia suas lives semanais.

— Eu vou falar: as lives estão sendo feitas na casa do capitão Cordeiro, tá? Agora, você pode ver a despesa que eu tenho para deslocar. Me ajuda aí: quantos carros? Dez carros, pessoal? Oito carros. Oito carros. Quantas pessoas? Somando van, certo? De 20 a 30 pessoas. Até então é uma despesa enorme que a gente tem — disse Bolsonaro a jornalista no Alvorada.

João Carlos de Sousa Brecha
O secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, foi preso no Rio.

Luís Marcos dos Reis
Reis integrava a equipe de Mauro Cid.

Ailton Gonçalves Moraes Barros
O ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros foi candidato pelo PL a Alerj na eleição passada e se apresentava como o "01 de Bolsonaro" em sua campanha no Rio.

Alvos de busca e apreensão:

A operação
De acordo com a investigação da Polícia Federal, a suposta falsificação do certificado de vacinação tinha como objetivo viabilizar a entrada nos Estados Unidos de Bolsonaro, familiares e auxiliares do ex-presidente, driblando as exigências da imunização obrigatória.

Os agentes cumprem 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

Segundo a PF, o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.