Operação Venire

Michelle, Laura, Flávio, Eduardo: quem se vacinou contra Covid-19 na família Bolsonaro?

Em 2021, governo federal comunicou que Michelle tomou vacina durante viagem a Nova York por recomendação de médico

Michelle, Laura, Bolsonaro e Eduardo - Reproduções

A pergunta está no topo da lista de dúvidas após a operação da Polícia Federal realizada nesta quarta-feira (3) na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em um condomínio de Brasília, por suposta falsificação do certificado de vacinação do próprio Bolsonaro, de sua mulher, Michelle, e da filha do casal, Laura. Afinal, quem da família Bolsonaro tomou vacina contra a Covid-19? Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a ação da PF prendeu o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que faria do grupo que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Bolsonaro foi intimado para prestar depoimento ainda nesta quarta-feira.

De acordo com os indícios coletados pela PF, a suposta falsificação do certificado de vacinação tinha como objetivo viabilizar a entrada nos Estados Unidos de Bolsonaro, de seus familiares, de assessores, além de parentes desses auxiliares, driblando as exigências da imunização obrigatória.

Michelle Bolsonaro
Michelle seria um dos alvos da investigação, junto com o marido e a filha, Laura. Ontem ela teve o celular apreendido pela PF. Em setembro de 2021, o governo informou oficialmente que ela teria se vacinado em uma viagem para Nova York, nos Estados Unidos, por sugestão de seu médico. Pelas regras do governo do Distrito Federal, onde mora, ela poderia ter se vacinado pelo SUS no Brasil. “Antes de retornar ao país, [Michelle Bolsonaro] submeteu-se ao teste de PCR, obrigatório para autorização de embarque e, durante a realização da testagem, a primeira-dama foi indagada pelo médico se ela gostaria de aproveitar a oportunidade para ser vacinada”, informou uma nota da Secretaria de Comunicação da União, na ocasião.

Laura Bolsonaro
O esquema de falsificação de cartões de vacinação forneceu registros fraudulentos ao ex-presidente Jair Bolsonaro e sua filha, Laura, de 12 anos. Em dezembro de 2021, o então presidente disse que a menina, com 11 anos na época, não iria tomar vacina contra a Covid-19, apesar de resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que autoriza a imunização de crianças de 5 a 11 anos.

“O que posso falar é o que estão (sic) nas notas da Pfizer. Tenho conversado com o [ministro da Saúde, Marcelo] Queiroga nesse sentido. Ele, dia 5, deve citar normas de como devem ser vacinadas as crianças. Eu espero que não haja interferência do Judiciário. Espero, porque a minha filha não vai se vacinar, estou deixando bem claro. Ela tem 11 anos de idade”, declarou Bolsonaro na ocasião.

Jair Bolsonaro
Segundo a colunista Malu Gaspar, o esquema de falsificação de cartões de vacinação que foi alvo da operação da Polícia Federal envolvendo Bolsonaro, Michelle, Laura e outros começou em Goiás com o preenchimento de um cartão de vacinação comum, em papel. Primeiro, um médico da prefeitura da cidade de Cabeceiras ligado ao bolsonarismo preencheu o cartão de vacinação contra a Covid-19 para Bolsonaro, Laura, o ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, e sua mulher. Ao longo de sua gestão, Bolsonaro se recusou a informar se tomou a vacina contra a Covid-19. Questionado por meio de Lei de Acesso à Informação, o governo impôs um sigilo de até cem anos aos dados sob a justificativa que isso se referia à vida privada do então presidente.

Eduardo Bolsonaro
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi vacinado contra a Covid-19 em agosto de 2021, aos 37 anos, em Brasília, sem usar máscara. O filho 03 de Bolsonaro postou um vídeo nas redes sociais em que aparece sendo vacinado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Ele postou o vídeo da vacinação em sua rede social e deu crédito ao pai.

Flávio Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro foi o primeiro homem da família a tomar a vacina contra a Covid-19, em julho de 2021. Em um vídeo publicado no Twitter, o parlamentar aparece ao lado do então ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que aplicou o imunizante, e ironizou sobre a postura negacionista do presidente da República, Jair Bolsonaro, que se manifestou diversas vezes contra as vacinas.

“Acabo de me vacinar contra a Covid. O Ministro Marcelo Queiroga me vacinou com a AstraZeneca/Fiocruz, produzida no Rio de Janeiro, eficaz e bem mais barata que a de outros fabricantes. Obrigado ao “negacionista” Jair Bolsonaro por garantir a vacina nos braços de todos os brasileiros!”, ironizou Flávio em seu perfil na rede social.

Carlos Bolsonaro
Em janeiro de 2021, após circular a informação de que Carlos Bolsonaro teria furado fila para tomar o imunizante no Hospital do Exército no Rio, ele usou seu perfil no Twitter para negar o fato: "A única coisa que devo ter furado deve ter sido a mãe de quem divulga mais uma fakenews de nível global e diária! A escória não vive sem mentir e manipular! Não tomei vacina alguma!". Segundo publicou o colunista Ancelmo Gois, Carlos teria se vacinado em setembro de 2021 no posto de saúde da Câmara de Vereadores do Rio.

Jair Renan
O filho 04 do ex-presidente teve Covid-19 em 2020. Na ocasião, ironizou que se tratava de uma "gripezinha". Ele teria tomado cloroquina durante o período em que apresentou sintomas, medicamento defendido pelo governo do pai e sem qualquer comprovação científica. Não há registros sobre sua imunização.

O que a PF investiga na Operação Venire:
Os agentes cumprem 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

A investigação apura suspeitas de fraude em dados do certificado de vacinação de Bolsonaro e de parentes, como de sua filha, Laura Bolsonaro, de 12 anos, e de sua mulher, Michelle Bolsonaro;

A PF também mira nas informações lançadas no sistema sobre vacinação de familiares de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

As suspeitas são de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores;

As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tinha como objetivo viabilizar a entrada nos Estados Unidos de Bolsonaro, de seus familiares, de assessores, além de parentes desses auxiliares;

De acordo com a colunista Bela Megale, o ex-presidente teve seu celular apreendido, mas, até o momento, não forneceu a senha.

A Controladoria-Geral da União (CGU) vinha apurando a possibilidade de inserção de dados falsos no cartão de vacinação de Bolsonaro. Há suspeitas de que dados da familiares também foram fraudados.

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