EUA, Equador, Itália, Emirados Árabes: as viagens internacionais de Bolsonaro e as regras de entrada
Pelas regras da vacinação contra a Covid-19, Bolsonaro poderia ter se vacinado logo nos primeiros meses de 2021
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais seis auxiliares foram alvo da Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta manhã, como parte do inquérito sobre as milícias digitais. Os indícios apontam para um esquema de falsificação de comprovantes de vacinação contra a Covid-19.
Segundo a colunista Malu Gaspar, do Globo, primeiro, um médico da prefeitura de Cabeceiras preencheu o cartão para Bolsonaro, sua filha Laura, o ajudante de ordens Mauro Cid e sua mulher.
Com o cartão em papel, o grupo tentou registrar o comprovante no sistema eletrônico do SUS em Duque de Caxias. Assim, ele se tornaria oficial e poderia ser usado em viagens internacionais.
Mas o sistema rejeitou as informações porque o lote informado não havia sido enviado para o Rio, e sim para Goiás. Uma troca de mensagens entre Mauro Cid e seus ajudantes, flagrada na operação da PF, mostra que foi preciso, então, conseguir outro número de lote para o registro. Depois que o cartão de vacinação foi registrado e se tornou “oficial”, o grupo baixou os arquivos, imprimiu e os apagou do sistema.
Pelas regras da vacinação contra a Covid-19, Jair Bolsonaro poderia ter se vacinado logo nos primeiros meses de 2021, quando teve início a campanha para pessoas de grupos prioritários, incluindo idosos. Bolsonaro já tinha mais de 65 anos na época.
Partindo do início de 2021, o Globo apurou quais países foram visitados por Jair Bolsonaro quando ele era presidente, além das regras sanitárias para a entrada de estrangeiros. Para entrar nos Estados Unidos, por exemplo, onde o político se exilou depois das eleições de 2022, é necessário apresentar um comprovante de vacinação. No mais, falsificar esse tipo de certificado é crime federal no país.
Em 23 e 24 de maio de 2021, Bolsonaro esteve em Quito, capital do Equador, para a sua primeira viagem internacional desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo enfrentava uma pandemia.
Na Biblioteca da Presidência da República, consta que ele participou da cerimônia de posse do presidente Guillermo Lasso e de um almoço em homenagem aos chefes de Estado e de Governo. Na época, o Ministério da Saúde do Equador exigia a apresentação de um teste de antígeno e do certificado de vacinação de qualquer pessoa que quisesse entrar no país.
No dia 19 de setembro, Bolsonaro visitou Nova Iorque para o tradicional discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidos. Além disso, teve um encontro bilateral com o então primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.
Outra visita aos Estados Unidos aconteceu em 9 de junho de 2022, para o encontro com o presidente Joe Biden em Los Angeles, a primeira reunião entre os dois desde que o democrata tomou posse.
No dia 10 de junho de 2022, ainda em Los Angeles, Bolsonaro se encontrou com os presidentes da Colômbia, Iván Duque Márquez, e do Equador, Senhor Guillermo Lasso. Já no dia 11, em Orlando, o então presidente participou da inauguração do Vice-Consulado brasileiro e se reuniu com o prefeito da cidade e o de Miami.
Em 29 de outubro de 2021, Bolsonaro desembarcou na Itália para se encontrar com o presidente Sergio Mattarella e participar da Cúpula de Líderes do G20, o grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo. Tanto a Itália, como todos os países da União Europeia, exigiam comprovante vacinal para entrar em seus territórios.
No dia 13 de novembro do mesmo ano, Bolsonaro se encontrou com o Xeique Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, Primeiro-Ministro dos Emirados Árabes Unidos, em Dubai. O país exigia certificado de vacinação, assim como teste PCR negativo de seus visitantes. O então presidente da República chegou ao Bahrein pouco depois, em 16 de novembro para a inauguração da embaixada brasileira no país.
Depois, no dia 17, Bolsonaro seguiu para o Catar para um almoço oferecido pelo Xeique Tamim bin Hamad al-Thani, Emir do Catar, uma reunião com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, e um jantar com empresários. Apenas os vacinados podiam entrar no país à época, ainda com a exigência de teste PCR.
Passando para 2022, no dia 20 de janeiro, o então presidente esteve em um almoço oferecido pelo Presidente da República do Suriname, Chandrikapersad Santokhi. No dia 15 de fevereiro, esteve na Rússia para uma reunião com o presidente Vladimir Putin.
Depois, seguiu para a Hungria, para reunião com o presidente János Áder e almoço com o Primeiro-Ministro Viktor Orban. Na Rússia e na Hungria, a apresentação do comprovante de vacinação já não era mais obrigatória desde o fim do ano anterior.
Em 6 de maio, Bolsonaro participou de um encontro com o Presidente da República Cooperativa da Guiana, Muhammad Irfan Ali. Mais à frente, em 19 de setembro, visitou Londres, no Reino Unido, para o velório da Rainha Elizabeth II. No dia 20, o mandatário esteve em Nova Iorque para a 77° Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. Também encontrou os presidentes da Polônia, Andrzej Duda, e do Equador, Guillermo Lasso.