Após operação da PF, bolsonaristas 'somem' de interrogatório a Dino na Câmara
Oitiva ocorreu poucas horas depois de operação de busca e apreensão feita pela PF na casa do ex-presidente Bolsonaro
O depoimento do Ministro da Justiça, Flávio Dino, à Comissão de Justiça da Câmara nesta quarta-feira foi marcado pelo esvaziamento de bolsonaristas. A oitiva ocorreu poucas horas depois da realização de uma operação de busca e apreensão feita pela Polícia Federal na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em um condomínio de Brasília.
O ex-presidente estava na residência no momento das buscas. O seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outras cindo pessoas foram presas na mesma ação que apura a atuação de um grupo que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro foi intimado para prestar depoimento ainda nesta quarta-feira.
Dos considerados "bolsonaristas raiz", apenas André Fernandes (PL-CE) compareceu ao depoimento. A função de questionar Dino em relação aos atos extremistas do dia 8 de janeiro e sobre a visita ao Complexo da Maré coube a Kim Kataguiri (União-SP) e Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que não se autodeclaram como defensores de Bolsonaro. A ausência dos parlamentares do PL contrasta com o que pôde ser visto nas últimas três ocasiões em que Dino foi convidado a depor a outras comissões da Câmara sobre os mesmos temas, quando as sessões foram marcadas por trocas de farpas, ironias e ataques ao ministro.
Presidente da Comissão, a deputada Bia Kicis (PL-DF) afirmou que o esvaziamento de membros do seu partido se deveu à presença de outros ministros na Casa Legislativa naquele momento.
Questionado sobre a aprovação do PL das Fake News, Dino afirmou que as plataformas não podem ser “terra sem lei”.
— A lei é uma exigência constitucional. Não podemos ter um faroeste digital no Brasil. Fake News mata — disse sobre a validade do PL.
Dino também criticou as plataformas digitais fizeram "editoriais" e publicidades consideradas abusivas sobre o projeto.
— Quem faz editorial é meio de comunicação, plataforma não faz editorial. No caso da plataforma temos a publicidade cifrada — completou.