"Pressão foi horrível, desumana", diz Lira sobre ação das big techs na votação das Fake News
O presidente da Câmara falou sobre a polarização no Brasil
O presidente da Câmara, Arthur Lira, comentou o adiamento da votação do PL das Fake News, em entrevista à Globonews. Segundo Lira, a "pressão foi horrível, desumana", e não baseada no texto em si, mas na polarização que o país vive.
- Não temos como dizer se o STF vai se pronunciar sobre esse assunto porque há uma relatoria do ministro Toffoli sobre isso. O clima não está fácil de ser conduzido no parlamento, por diversos motivos. Tanto pela complexidade do assunto, como pela polarização. As discussões dizem respeito a tudo, menos ao texto. Todos os gestos foram feitos, mas ontem o assunto estava tenso e tumultuado e não havia condições sobre o que o texto representa - afirmou Lira.
O presidente da Câmara citou os ataques às escolas do país. Segundo ele, quase 90 emendas foram propostas ao texto do relator Orlando Silva (PCdoB-SP).
- Quem é pai sabe o que acontece nas escolas. Precisamos de verificação das senhas e das contas, existem as darkwebs, mas você reproduzir uma matéria vai estar colocando a sua digital. - disse Lira.
Ele disse que a Câmara entrará com ação contra as big techs, que praticaram "ato quase de horror" contra os deputados.
- Estamos colecionando relatos, os deputados se comunicaram comigo por mensagem, refletindo ameaças físicas, por meio das redes sociais, pessoas, os seus assessores, articuladores, deputados que foram ameaçados por outros deputados na Casa. Estamos angariando todas as informações, já pedimos à advocacia da Câmara, e já pedimos ao corpo técnico da Câmara para em detrimento do que politicamente os deputados pensam, as big techs ultrapassaram todos os limites da prudência. Se a gente puder comparar, é como se tivessem impedido o funcionamento de um Poder. Vamos entrar com ação responsabilizando pelo ato quase de horror que eles praticaram na vida dos deputados em uma semana para a votação desta matéria. A Câmara vai agir - afirmou.
Pautado para ser votado nesta terça-feira no plenário da Câmara de Deputados, o PL das Fake News acabou tendo a apreciação pelos parlamentares adiada a pedido do relator Orlando Silva (PCdoB-SP), que planeja uma segunda tentativa em duas semanas. Contudo, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), ainda não definiu uma nova data para a inclusão do projeto na pauta.
Questionado sobre a possibilidade de inelegibilidade de Bolsonaro após a operação da Polícia Federal nesta quarta-feira, Lira disse que este julgamento pode trazer reflexos.
- Estamos muito longe das eleições presidenciais. Mas, torna-lo inelegível pode potenciar nomes de direita. A inelegibilidade causa efeitos. O momento atual, a meu ver, é de fortalecimento da direita - afirmou Lira.
Segundo Lira, durante o funcionamento da CPMI dos atos golpistas, o plenário da Casa vai funcionar normalmente.
- O arcabouço e a reforma tributária não podem entrar nessas discussões - afirmou.