Em março, CGU decidiu que só divulgaria vacinação de Bolsonaro após apuração sobre possível fraude
Operação da PF deflagrada nesta quarta-feira apura suposta falsificação do certificado de vacinação do ex-presidente
Alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta-feira (3) com objetivo de apurar uma suposta falsificação, o cartão de vacinação de Jair Bolsonaro (PL) já estava na mira da Controladoria-Geral da União.
Em março, o órgão decidiu que só divulgaria os dados sobre a imunização do ex-presidente após apuração interna sobre possíveis fraudes.
Ao longo de seu governo, Bolsonaro resistiu a dar declarações sobre a sua vacinação contra a Covid-19. Ao ser questionado por meio de Lei de Acesso à informação, a gestão chegou a impor sigilo de até 100 anos no conteúdo, sob a justificativa de que a imunização do então presidente seria um dado privado.
No final do mandato, no entanto, uma apuração foi aberta para apurar a possibilidade de informações falsas no cartão de vacinação do ex-presidente. Em março, a CGU confirmou que há registro de imunização de Bolsonaro, mas decidiu por manter o sigilo até concluir as investigações para apurar se as informações são verdadeiras.
Dois meses antes, em janeiro, um grupo de hackers chegou a divulgar um cartão de vacinação que supostamente seria de Bolsonaro. Nele, constava o registro de uma dose da vacina contra a Covid-19, que teria sido aplicada em uma unidade de saúde em São Paulo, com data de 19 de julho de 2021.
O Globo apurou à época que as informações eram apontadas como falsas pelo governo anterior, tendo em vista que nesse dia Bolsonaro se encontrava em Brasília. Ainda segundo relatos feitos à reportagem na ocasião, foi constatado a ocorrência de outras tentativas de inserção de dados no cartão.
A investigação apura se isso ocorreu por ação de um hacker ou de um servidor público, e ainda não foi concluída. A base de dados do cartão de vacinação é de responsabilidade do Ministério da Saúde e não da CGU.
Além de se recusar a informar se teria ou não se vacinado, Bolsonaro reproduziu desinformações sobre o imunizante e estimulou o não uso de máscaras de proteção. Em uma live, fez uma associação falaciosa entre o uso da vacina contra o coronavírus ao vírus da Aids.
Por este motivo, um inquérito foi aberto a pedido da CPI da Covid. O relatório final foi encaminhado ao STF, mas deve ser enviado para análise da primeira instância da Justiça, já que Bolsonaro perdeu o foro privilegiado.