Rússia acusa EUA de estar por trás de suposto ataque ao Kremlin
Ucrânia nega qualquer envolvimento com o acontecido
A Rússia acusou nesta quinta-feira (4) o governo dos Estados Unidos de estar por trás do ataque de drones ucranianos contra o Kremlin, que Moscou afirmou ter impedido na quarta-feira e do qual Kiev nega qualquer envolvimento.
Na quarta-feira, Moscou anunciou que interceptou dois drones ucranianos que tinham o Kremlin como alvo e denunciou uma tentativa de assassinato do presidente Vladimir Putin, acusações negadas por Kiev e questionadas por Washington.
"Os esforços de Kiev e de Washington para negar qualquer responsabilidade são totalmente ridículos. As decisões deste tipo de ataques não são tomadas em Kiev, mas em Washington", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Kiev faz apenas o que mandam. Washington deve entender claramente que sabemos disso", acrescentou.
A Ucrânia negou qualquer envolvimento no incidente, um dos mais impactantes atribuído ao país desde o início do conflito, e chegou a acusar Moscou de preparar uma "encenação" para justificar uma possível escalada de sua ofensiva.
O governo dos Estados Unidos negou nesta quinta-feira qualquer envolvimento no suposto ataque com drones contra o Kremlin.
"Não temos nada a ver com isso", afirmou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, ao canal MSNBC. "Pura e simplesmente, Peskov está mentindo", acrescentou.
Ataques "sem precedentes"
Peskov disse que as medidas de segurança no complexo do Kremlin foram "reforçadas", mas que Putin compareceu nesta quinta-feira à sede da presidência para "uma conversa importante com o ministro do Desenvolvimento Econômico".
O dispositivo de segurança também será reforçado em Moscou para o tradicional desfile militar de 9 de maio, o Dia da Vitória, data em que a Rússia celebra o triunfo sobre a Alemanha nazista em 1945.
Diante dos riscos de segurança alegados nas últimas semanas pelas autoridades, vários eventos vinculados à data festiva foram cancelados, em particular nas regiões próximas da Ucrânia.
A diplomacia russa denunciou nesta quinta-feira uma onda "sem precedentes de atividades terroristas e sabotagens" ucranianas em seu território.
Além do suposto ataque contra o Kremlin, duas refinarias de petróleo foram atingidas por drones no sudoeste da Rússia, perto da fronteira.
Estas ações foram as mais recentes de uma série cada vez maior de incidentes: ataques de drones, sabotagens ferroviárias... sem esquecer o grande ataque que derrubou parte da ponte da Crimeia no ano passado.
A Ucrânia, como é habitual, não reivindicou nenhum ataque, mas o aumento dos incidentes acontece no momento em que Kiev afirma estar finalizando os preparativos para uma grande contraofensiva.
A Rússia ainda ocupa quase 18% do território no sul e leste da Ucrânia. A ofensiva de Kiev pretende expulsar as tropas de Moscou para além de suas fronteiras.
Zelensky visita o TPI
As autoridades ucranianas também relataram um ataque com drones russos em seu território. De acordo com a Força Aérea, Moscou "lançou 24 drones Shahed 136/131" e 18 foram derrubados.
Entre os alvos da ação estava a capital Kiev, atacada "pela terceira vez em quatro dias", afirmou o comandante das forças de defesa antiaérea da capital, Serguii Popko.
Todos os aparelhos foram derrubados, disse. Alguns destroços caíram nas ruas de três bairros de Kiev e danificaram alguns veículos, mas não provocaram vítimas, acrescentou.
Outras localidades da Ucrânia sofreram ataques nesta quinta-feira, incluindo a cidade portuária de Odessa, no sudoeste, alvo de "15 drones", dos quais 12 foram abatidos, segundo o porta-voz da administração regional, Serguii Brachuk.
Entre os drones, "três atingiram um dormitório", sem provocar vítimas, disse o porta-voz.
Na quarta-feira, a cidade de Kherson, no sul do país, onde foi anunciado um toque de recolher de 58 horas a partir de sexta-feira, sofreu vários bombardeios que deixaram 23 mortos e 46 feridos.
Em uma visita surpresa ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky pediu a criação de um tribunal especial para responsabilizar a Rússia pelo seu "crime" de agressão.
"Deveria haver responsabilização por este crime. E isso só pode ser aplicado pelo tribunal", afirmou Zelensky a diplomatas e funcionários do TPI, que emitiu um mandado de prisão contra Putin em março.