Brasil

21 mil crianças foram internadas com Covid no ano em que filha de Bolsonaro deveria ter se vacinado

Ministério incluiu meninas e meninos até 11 anos na campanha de vacinação contra a Covid-19 em janeiro de 2022

Vírus da Covid-19 - Pixabay

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou nesta quarta-feira que ele e a filha, Laura Bolsonaro, de 12 anos, não tomaram vacina contra a Covid-19. Bolsonaro também negou que tenha havido adulteração nos cartões de vacinação da família. A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, teria sido a única da família que tomou o imunizante.

O ex-presidente foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta quarta. A Polícia Federal investiga se Bolsonaro e auxiliares inseriram informações falsas no sistema do Ministério da Saúde para obter um cartão de vacinação com doses que, na verdade, não foram aplicadas.

Laura Bolsonaro completou 11 anos no dia 18 de outubro de 2021, três meses depois, em janeiro de 2022, o Ministério da Saúde incluiu na campanha de vacinação contra a doença crianças de 5 a 11 anos. Liberando-a para tomar a primeira dose do imunizante.

Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da saúde referente ao ano de 2022, 21.278 crianças e adolescentes até os 19 anos foram hospitalizados em decorrência da covid-19, e 875 morreram por conta da doença no ano em que a filha do presidente poderia ter sido vacinada.

No mesmo ano, a Fiocruz afirmou que as crianças não vacinadas são o grupo mais vulnerável à Covid-19 causada pela disseminação de sublinhagens da variante ômicron. E que o panorama está atrelado à baixa cobertura vacinal e à alta mortalidade de crianças pela Covid-19 no Brasil.

Os advogados de Bolsonaro disseram que amenina teria sido “proibida” por médicos de se vacinar contra a covid-19, pois ela tem “comorbidades preexistentes, situação sempre e devidamente atestada por médicos".

Porém, na época em que foi liberado a vacinação para essa faixa etária, a então secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, detalhou que a imunização dos pequenos começaria com prioridade para aqueles que possuíssem “comorbidades ou deficiências permanentes”.

"Os pais ou responsáveis têm que estar presentes manifestando sua concordância com a vacinação. Em caso de ausência, a vacinação deve ser autorizada por um termo de consentimento assinado por eles, isso está disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, explicou.

O deputado distrital Fabio Felix (PSOL-DF) acionou nesta quarta-feira (3) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja responsabilizado por não ter levado a filha para se vacinar.

Em março deste ano um estudo publicado no periódico International Journal of Infectious Diseases mostrou que crianças não vacinadas são mais propensas a desenvolver sintomas graves de Covid-19, representando 90% dos casos moderados a graves da doença entre o público pediátrico. A pesquisa revela ainda que na ausência da imunização elas liberam partículas virais por mais tempo, fator que influencia na transmissão do coronavírus.

A análise foi conduzida por pesquisadores de diferentes universidades chinesas durante o surto da variante Ômicron em Xangai, entre março e maio de 2022.