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Abatido, Bolsonaro diz a caciques do PL que deveria ter se vacinado para vencer a eleição

Bolsonaro repetiu que, se soubesse que seria associado a um esquema de fraude, teria tomado o imunizante e, com isto, diminuído a sua rejeição

Jair Bolsonaro - Sérgio Lima/AFP

Alvo de um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de fraude em dados de vacinação, o ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com caciques do PL, na sede do partido, em Brasília, nessa quarta-feira e, segundo participantes do encontro, demonstrou abatimento com a ação.

Aos presentes, o ex-presidente disse ainda que, caso quisesse se valer da vacina contra a Covid-19 para alguma coisa, teria tomado as doses para não sofrer desgastes na campanha eleitoral que lhe custaram a reeleição. Por mais de uma vez, Bolsonaro repetiu que, se soubesse que seria associado a um esquema de fraude, teria tomado o imunizante e, com isto, diminuído a sua rejeição.

Em linha do que disse em entrevistas ao longo do dia, Bolsonaro negou aos aliados a participação na fraude e reiterou que não teria motivos para forjar.

Estavam presentes na reunião o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, o líder do partido na Câmara, Altineu Côrtes, o ex- diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado, Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Cidadania, João Roma, além de dois dos seus filhos: o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro.

O ex-presidente também atribuiu eventual fraude em seus dados de vacinação ao seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, preso na mesma ação.

Por meio dos filhos, pediu para que a bancada do partido no Congresso fosse orientada a reafirmar a sua inocência. Na conversa, o ex-presidente lembrou que, em 2021, durante viagem a Nova Iorque, chegou a comer pizza na rua diante da proibição de entrar em estabelecimentos sem estar vacinado.

A operação
De acordo com os indícios coletados pela PF, a suposta falsificação do certificado de vacinação tinha como objetivo viabilizar a entrada nos Estados Unidos de Bolsonaro, de seus familiares, de assessores, além de parentes desses auxiliares, driblando as exigências da imunização obrigatória. Procurados, advogados do ex-presidente não se manifestaram sobre o caso.

Além de Cid, a operação prendeu mais cinco outras pessoas: o secretário municipal do Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, o policial militar que atuou na segurança presidencial, Max Guilherme, o militar do Exército e também segurança pessoal de Bolsonaro, Sérgio Cordeiro, o sargento do Exército Luis Marcos dos Reis e o candidato a deputado estadual Ailton Barros (PL).

Segundo a PF, o objetivo do grupo seria "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".