MÚSICA

Vanessa da Mata apresenta turnê "Vem Doce" no Teatro Guararapes nesta sexta-feira (5)

Artista mato grossense abre nesta sexta (5), no Teatro Guararapes, turnê nacional do novo disco

Vanessa da Mata, cantora e compositora - Priscila Prade

Vanessa da Mata "tem interesse" pelo Recife e pela sonoridade pernambucana desde que chegou à maioridade. Especificamente pela ancestralidade musical, que segundo a própria, a emociona.

"Muito me interessa desde os meus 18 anos, quando conheci. O Carnaval (daqui) é um livro aberto e cantado a quem quiser ver o melhor do Brasil". 

Levando em conta a vaidade que povoa quem das bandas de cá é, essa prosa - realizada em entrevista à Folha de Pernambuco - já podia parar por aqui, com o acréscimo, já justificado, pelo visto, que vai ser pela "Terra dos Altos Coqueiros" que a cantora e compositora mato grossense vai dar start à turnê do seu recente "Vem Doce", show que acontece logo mais, à noite, no Teatro Guararapes.

 

Mas dada a disposição em responder, sem economizar nas respostas - um deleite para quem pergunta - estas linhas seguirão a falar sobre a artista que, embora já sabidamente uma cronista, não hesitou em expor (ainda mais) esse viés em "Vem Doce" - décimo disco de uma carreira que completa duas décadas, e o sétimo trabalho de estúdio.



No repertório, predominantemente autoral, 13 faixas descerram sobre uma artista diversa, ávida por experimentos rítmicos e avessa a repetições. Que o diga o seu traquejo em degustar do pernambucano João Gomes em composição de Belchior ("Comentário a Respeito de John").

"Sempre gostei de experimentar, mas não repetir! Acho que discos precisam ser novidadeiros e expressar o momento durante aquelas últimas datas da vida e sobre as experiências e nossas atuações, e o que captamos e conscientizamos sobre nossas vicissitudes, propósitos. Com certeza, soam muito bem nesse momento", explica Vanessa, ao ser questionada sobre a diversidade sonora do disco. 

Menino Velho
Se um dia desses João Gomes "pedia desculpas" por ter estragado "Amado" - um das clássicas autorais de Vanessa em parceria com Marcelo Jeneci - ao cantá-la, nos tempos atuais, é a própria autora da música que convida o cantor e compositor pernambucano a integrar "Vem Doce".

"João é um menino velho (...), tem a idade de minha carreira de disco, 20 anos. Sou apaixonada pelo João velho", declara-se Vanessa, ao se referir ao artista a quem ela atribui uma "faminta avidez pela música e conhecimento sobre ela", complementando sua admiração pelo João Gomes "velho" que conhece "Gonzaga dos anos de 1960, Belchior e Gonzaguinha, repertório que para minha geração já é difícil encontrar quem o conheça no lado B".

Show dividido em atos
Para além da inspiração musical, o palco de "Vem Doce" será dividido em atos, tais quais são pensados os espetáculos (de arte) - sim, essa é a ideia do show.

Com direção de Jorge Farjalla, além de revisitar a trajetória, o público será apresentado às parcerias a que Vanessa da Mata recorreu para o novo disco, entre elas com L7nnon ("Fique Aqui") e Ana Carolina ("Eu Repetiria"), em repertório que vai ressoar em paralelo a inspirações de cenários diferentes que passeiam pelo modernismo de Oswald de Andrade e Lina Bo Bardi, entre outros.

Crédito: Priscila Prade

"A minha brasilidade e a de Oswald são muito pertinentes com relação ao profundo Brasil. A tropicalidade e a literatura estão nesse show muito mais aguçadas e dadas à experimentação dentro disso. Farjalla, nosso diretor, soube trazer meus elementos para ele de maneira muito complementar, muito natural e evidenciou para que o público entrasse nele", conta Vanessa, à vontade que demonstra estar em explorar com propriedade inventividades que serão estendidas ao público. 

"O show também tem essa maneira brasileira de fazer com que a plateia seja menos preguiçosa na imaginação e crie seu próprio universo e imagens. Não damos tanto as imagens. Damos o som e referências e isso deixa solto a criatividade de cada um, o que eu gosto muito".

Serviço
Show da turnê "Vem Doce", de Vanessa da Mata

Quando: nesta sexta-feira (5), 21h30
Onde: Teatro Guararapes

Ingressos a partir de R$ 80 no Sympla e bilheteria do teatro