Investigação

Além de prefeito cassado, Luciano Hang é citado em ação contra senador que usou aviões da Havan

Ex-secretário de Aquicultura e Pesca do governo de Jair Bolsonaro, Jorge Seif é alvo de uma ação por abuso de poder econômico durante a disputa eleitoral

Jorge Seif (ao centro) com Jair Bolsonaro e Luciano Hang - Divulgação

O prefeito de Brusque (SC), Ari Vequi (MDB), teve seu mandato cassado nesta quinta-feira (4) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que considerou que ele foi beneficiado pela atuação de Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, nas eleições municipais de 2020.

Essa não é, porém, a única ação em âmbito eleitoral envolvendo o empresário. O caso guarda semelhanças com uma investigação que mira Jorge Seif (PL-SC), senador eleito e ex-secretário Aquicultura e Pesca do governo de Jair Bolsonaro.

Seif é alvo de uma ação por abuso de poder econômico durante a disputa eleitoral do ano passado. O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) investiga o senador por uso indevido da frota área da Havan, empresa de Hang.

O primeiro suplente de Seif, Hermes Klann, também é citado no processo movido pela coligação estadual "Bora Trabalhar", composta pelo Patriota, PSD e União Brasil.

O ex-secretário é acusado de usar cinco aeronaves para realizar agendas de campanha que pertenceriam à empresa Havan. Seif também teria usado recursos da empresa por não ter prestado contas referentes à combustível ou contratação de piloto. A petição que deu início ao processo pede a inelegibilidade de Seif e de Hang pelos próximos oito anos.

De acordo com a prestação de contas de Seif, Hang doou R$ 380 mil para a sua campanha. Duas delas, que totalizam R$ 300 mil, foram realizadas em 13 de setembro, data em que as contas do proprietário da Havan ainda estavam bloqueadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, a Corte investigava empresários pela suspeita de divulgar mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. O desbloqueio ocorreu dois dias após as doações.

Próximo do ex-presidente, que o chamava de "06", como se fosse um de seus filhos, Seif contou com 39,8% dos votos em Santa Catarina, enquanto que o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) ficou com 16,3%. Além dos aviões da Havan, o senador também teria contado com a estrutura de comunicação e assessoria de imprensa da empresa, o que é vetado pela lei eleitoral.

A decisão desta quinta-feira, referente ao prefeito de Brusque, também cassou o vice-prefeito, o pastor Gilmar Doerner (Republicanos). Os dois e Hang ainda ficam inelegíveis por oito anos, contados a partir de 2020.

No julgamento, prevaleceu a posição do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, que considerou que houve abuso econômico, devido a uma série de vídeos publicados por Hang com críticas aos adversários de Ari Vequi, parte deles com a utilização da estrutura da Havan.

Fraude em vacinação, joias sauditas, 8 de janeiro: inquéritos e ações contra Bolsonaro chegam a 24; entenda os casos

"Enquanto pessoa física, o empresário Luciano Hang pode votar, e deve votar, em quem ele bem entender, pode defender a candidatura que ele bem entender, pode criticar os demais partidos. Isso não está em discussão. O que não é possível é colocar a força de sua empresa, com claro abuso do poder econômico, em detrimento de uma candidatura, e a favor de outra candidatura", afirmou Moraes.

Em nota, Hang afirmou que "como cidadão, que nasceu e mora em Brusque, manifestei a minha liberdade de expressão, expondo aquilo que achava mais apropriado para que nossa cidade continuasse seguindo nesse caminho". O empresário também disse que respeita o TSE, mas que tem a "convicção de que nada fiz de errado, pois sei que apenas manifestei a minha opinião como qualquer cidadão". Já a defesa do prefeito informou que irá recorrer.