Investigação de fraude

Prefeitura de SP registrou boletim de ocorrência para investigar registro de vacinação de Bolsonaro

Segundo a gestão municipal, o ex-presidente não esteve na UBS onde consta imunização, e vacinadora registrada no sistema sequer trabalhou unidade de saúde

Jair Bolsonaro - Chandan Khanna / AFP

A prefeitura de São Paulo registrou um boletim de ocorrência em janeiro deste ano para apurar crime de falsidade ideológica no registro de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro no sistema de saúde municipal "VaciVida", onde constava que Bolsonaro havia recebido o imunizante da Janssen em 19 de julho de 2021 na UBS Parque Peruche, Zona Norte da capital, o que não aconteceu.

O B.O foi feito a pedido do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e afirma que a cidade de São Paulo não recebeu o lote da vacina registrada em nome de Bolsonaro.

O boletim registrado na 13ª D.P da Casa Verde acrescenta, ainda, que a "suposta vacinadora" que aparece nos documentos nunca trabalhou unidade de saúde e não atendeu Bolsonaro. A própria UBS nega ter feito o atendimento.

Segundo a prefeitura, os fatos apontam para uma possível fraude de registro da vacina, assim como investigado pela Polícia Federal, e por isso a Programa Municipal de Imunização (PMI) procurou a Polícia Civil e abriu um boletim de ocorrência para investigação dos fatos.

PF também aponta falsificação
De acordo com os documentos da Polícia Federal divulgados na quarta-feira, os certificados falsos da Janssen foram emitidos no usuário associado a Bolsonaro em 30 de dezembro de 2022 e 14 de março deste ano.

A data informada no cartão de imunização, 19, foi um dia depois de o então presidente receber alta do Hospital Vila Nova Star, na Zona Sul de São Paulo, onde ficou internado por quatro dias. Na agenda oficial, consta que Bolsonaro estava de férias no dia 19. Naquela manhã, ele já estava em Brasília, conversando com apoiadores.

Segundo a PF, a emissão do certificado de vacinação do dia 30 de dezembro veio de um celular vinculado a Mauro Cid, coronel que era braço direito de Bolsonaro. Ele teria emitido o documento às 12h02min24s e, cerca de duas horas depois, viajou junto com Bolsonaro para os Estados Unidos.

Em janeiro deste ano, um grupo de hackers divulgou um cartão de vacinação do ex-presidente com a mesma data e local que constam nos documentos da PF, fato que motivou uma investigação da Controladoria-Geral da União para apurar se as informações eram falsas ou não.

Em fevereiro deste ano, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Carvalho, confirmou o registro da dose da vacina Janssen em 19 de julho de 2021.