TEATRO

Diretora de teatro é presa na Rússia por 'apologia' ao terrorismo; entenda

A artista, de 38 anos, que pode ser condenada a até sete anos de prisão

Yevgeniya Berkovich - ALEXANDER NEMENOVAFP

Um tribunal russo deteve provisoriamente Yegenia Berkovich, uma conhecida diretora de teatro, acusada de fazer apologia ao terrorismo em uma de suas peças sobre mulheres russas recrutadas online para se casar com radicais islâmicos na Síria.

A artista, de 38 anos, que pode ser condenada a até sete anos de prisão, ficará detida até 4 de julho, informou o tribunal Zamoskvoretski de Moscou, citado por agências de notícias russas.

Na véspera, ela havia sido convocada pelos investigadores em Moscou juntamente com a dramaturga Svetlana Petriychuck, de 43 anos, que devia se apresentar ao mesmo tribunal, segundo imagens divulgadas por veículos de comunicação russos afinados com a oposição.

O processo causou comoção no mundo teatral russo. As duas são suspeitas de fazer apologia ao terrorismo por uma obra escrita por Petriychuk e dirigida por Berkovich em 2020.

A obra, "Finist é um valente falcão", na qual somente mulheres atuam, conta a história de russas recrutadas na internet por islamistas na Síria que vão para o país se casar com eles.

Elogiada pela crítica, recebeu duas "Máscaras de Ouro" em 2022, o principal prêmio russo para as artes cênicas.

O diário independente Novaya Gazeta lançou uma petição para sua libertação e já recebeu mais de 3.000 assinaturas.

No ano passado, Yevguenia Berkovich publicou alguns versos contra a ofensiva na Ucrânia que foram "muito difundidos", destaca o texto que acompanha o abaixo-assinado.

Desde o lançamento da ofensiva contra a Ucrânia, as autoridades russas aceleraram a repressão de qualquer forma de dissidência, com multas e duras penas de prisão.

Artistas críticos de Vladimir Putin foram processados, demitidos ou forçados a ir para o exílio.

Yevguenia Berkovich foi aluna e colaboradora de Kirill Serebrenikov, um diretor que está exilado atualmente na Alemanha. Serebrenikov é famoso por suas obras críticas ao poder russo que misturam política, religião e sexualidade.