Brasília

Padilha minimiza problemas na articulação do governo e diz que parlamentares devem receber emendas

"São recursos para saúde, educação", afirmou o ministro das Relações Institucionais, que está sob fogo cruzado do Planalto e do Congresso

Alexandre Padilha - Valter Campanato/Agência Brasil

Em meio a um fogo cruzado de cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do Poder Legislativo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou as dificuldades de governabilidade que o Planalto vem enfrentando junto ao Congresso Nacional.

Diante da insatisfação de parlamentares pela falta de liberação emendas, ele defendeu que o recursos devem ser destinados aos congressistas.

— Os parlamentares têm emendas. Não só os da base, também os da oposição têm emendas. E devem receber os recursos, são recursos importantes. São recursos para saúde, educação — disse Padilha.

O ministro participou nesta sexta-feira (5) de agendas políticas no Rio de Janeiro. Ele almoçou com o governador Claudio Castro (PL) e visitou o Instituto do Cérebro, no Centro da capital fluminense.

Nesta quinta-feira, Lula fez uma cobrança pública a seu ministro e disse esperar dele a "capacidade de organizar, de articular dentro do Congresso Nacional. Aí vai facilitar muito a vida”. Padilha afirmou que está acostumado a lidar com as cobranças do chefe do Palácio do Planalto:

— O presidente Lula cobra todo dia, desde 1º de janeiro. Estou acostumado a essa cobrança diária, o jeito que ele fala. Essa semana o governo teve vitórias e recados do Congresso Nacional. Campeonato é assim, você ganha, perde, empata. Só não pode perder na final.

A pressão sobre o ministro responsável por fazer a articulação política com o Congresso aumentou após o governo Lula sofrer duas importantes derrotas nesta semana. A falta de uma base sólida entre parlamentares fez o governo ligar um sinal de alerta.

Na última terça-feira, o PL das Fake News foi retirado de pauta por falta de apoio para ser aprovado. No dia seguinte, a Câmara derrubou decretos de Lula que alteravam o Marco do Saneamento Básico.

No último domingo, em entrevista ao Globo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, também fez cobranças ao ministro. Ele classificou Padilha como "um sujeito fino e educado", mas que estaria tendo dificuldades na relação com os parlamentares. "Não tem se refletido em uma relação de boa satisfação", resumiu Lira.

No sábado Padilha terá uma reunião com 40 prefeitos do estado do Rio, além de agendas em Maricá e Mendes, no interior fluminense.

Também nessa sexta, após participar de um congresso do PT no Rio, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, se mostrou incomodada com a infidelidade dos partidos que tem ministérios na Esplanada, como MDB, União Brasil e PSD, mas votaram contra projetos de interesse do Planalto.

— Quem está no governo tem que estar com o governo — disse Gleisi, em tom de cobrança.