Ex-número 2 da Saúde, coronel Elcio Franco discutiu golpe com amigo de Bolsonaro, diz CNN Brasil
Mensagens constam em inquérito da PF que prendeu assessores do ex-presidente por fraude em cartão de vacina
Ex-número 2 do Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro (PL), o coronel Antonio Elcio Franco Filho aparece em mensagens obtidas pela Polícia Federal discutindo formas de promover um golpe de Estado no Brasil, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os áudios foram revelados nesta segunda-feira (8) pela CNN Brasil.
As mensagens constam no inquérito da PF que investiga um esquema para fraudar registros de vacinação contra a Covid-19. Nos áudios, Elcio Franco conversa com Ailton Barros, ex-major e amigo de Bolsonaro.
Outros áudios com teor golpista de Ailton já haviam sido revelados na semana passada. Ele e o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens e braço-direito de Bolsonaro, foram presos pela suspeita de envolvimento no esquema de fraudes.
Nas novas mensagens, Elcio Franco e Ailton conversam em meados de dezembro de 2022 sobre mobilizar 1,5 mil homens para participar da tentativa de golpe. Em um dos diálogos, eles reclamam da resistência do comandante do Exército da ocasião, Freire Gomes, de aderir ao plano golpista.
“O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o quê? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”, escreveu o coronel Franco.
Além de trabalhar no Ministério da Saúde na gestão do general a atual deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), Elcio Franco foi assessor do ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto — candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. O coronel e Braga Netto ainda não se manifestaram a respeito do conteúdo dos áudios.
Em outro trecho obtido pela PF, Ailton diz a Franco:
“(É preciso convencer) o general Pimentel. Esse alto comando de mer* que não quer fazer as p*, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”, fala Ailton Barros a Elcio Franco.
Também nesta segunda-feira, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União requereu a suspensão do pagamento da pensão mensal de R$ 22 mil do Exército à “viúva” do ex-major Ailton Barros. Na representação, o subprocurador-geral Lucas Furtado pede que seja apurado se a pensão por “morte ficta” paga à mulher do ex-militar após sua exclusão da corporação ainda é vigente no ordenamento jurídico atual.