MINISTÉRIO DA SAÚDE

MS elenca prioridades no combate ao câncer; nacionalização de programa do Recife é uma das medidas

Mudanças tecnológicas e rastreamento estão entre os pontos-chave

13º Fórum Nacional Oncoguia, em Brasília - Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Mudanças tecnológicas, melhorias na estrutura para diagnósticos e o rastreamento dos pacientes estão entre as prioridades do Ministério da Saúde no campo das políticas de combate e prevenção ao câncer. Os pontos foram apresentados pelo coordenador-geral da Política Nacional de Intervenção e Controle do Câncer da pasta, Fernando Maia, no 13º Fórum Nacional Oncoguia, em Brasília (DF).

Em apresentação sobre os direcionamentos do Governo Federal em relação ao campo da oncologia, Maia destacou que há pontos-chave que precisam ser abordados pela gestão atual de forma prioritária; um deles é o chamado rastreamento populacional, que garante a continuidade do tratamento a pacientes diagnosticados com câncer. 

“O primeiro ponto é relacionado ao diagnóstico e ao rastreamento populacional, que é um processo que precisa ser melhorado de maneira muito responsável e olhando para as referências científicas. Hoje, o rastreamento que temos não é efetivo e precisamos lidar com isso”, disse o representante do Ministério da Saúde no Fórum Nacional Oncoguia, evento acompanhado pela Folha de Pernambuco a convite da Roche Farma Brasil.

Maia destacou, ainda, que há trabalhos para viabilizar melhoramentos tecnológicos a fim de potencializar a capacidade de diagnóstico da rede pública e, consequentemente, reduzir o tempo de espera. O responsável pela coordenação da Política Nacional de Intervenção e Controle do Câncer citou um projeto piloto iniciado no Recife, que deve expandir-se para todo o estado de Pernambuco, e ser, posteriormente, nacionalizado. 
 

O programa citado prevê a eliminação do câncer de colo do útero, quarto tipo mais comum entre a população feminina, com 17 mil casos registrados em 2023, segundo dados do Ministério da Saúde. A estratégia adotada em Pernambuco prevê a inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) de um teste molecular, o RT-PCR, para facilitar e identificar de forma mais precisa a presença do HPV, principal causador da doença, nos pacientes. Hoje, o método mais utilizado é o exame citopatológico, conhecido como papanicolau. 

“Foi lançado em março, em Pernambuco, um projeto piloto piloto para trabalharmos com a erradicação do câncer do colo de útero, um projeto bem ousado. A primeira coisa que essa política prevê é uma mudança tecnológica, com a adoção de testes moleculares. Mas também precisamos realizar, de fato, um rastreamento organizado. A partir daí, o paciente, além de fazer o teste, terá acesso ao tratamento, aos procedimentos indicados até chegar ao final da linha de cuidado”, afirmou Fernando Maia.

“Estamos na fase de estruturação desse projeto, para que ele ocorra e a gente consiga, ao longo do projeto, entender o quanto ele é aplicável a outras realidades. Além disso, estamos ouvindo e analisando diversas experiências que ocorrem pelo país sobre o câncer de colo de útero”, completou. 

Sobre o câncer de mama, principal causa de morte por câncer em mulheres, Maia destacou a importância do acompanhamento do paciente e da garantia da chamada “linha de cuidado”. “Precisamos garantir um acesso geral. Não podemos dizer que estamos fazendo mamografias se não estamos garantindo uma consulta com um mastologista de verdade, na qual haja um exame cuidadoso da paciente, e o estabelecimento de uma linha de cuidado”.

“Existem outros cânceres que a gente precisa pensar se faz sentido criar um rastreamento. Posso citar os cânceres de pulmão, de pele, de boca, que são doenças que precisamos identificar se há a necessidade do desenvolvimento de políticas”, completou o coordenador.