Dados Falsos

Visita de militares e exercícios na cela: como tem sido a rotina de Mauro Cid na prisão

De acordo com as investigações, ele teria participação no esquema de fraudes nos dados dos beneficiários para a condição de imunizados contra a doença

Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro - Reprodução / Alan Santos / PR / Divulgação

 

Preso há uma semana em decorrência de uma investigação da Polícia Federal que apura a suposta inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid tem recebido a visita de colegas militares, inclusive familiares.

Ocupando uma cela de 20 metros quadrados no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília (BPEB), o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aproveita o espaço entre a cama, o armário e a mesa de apoio para praticar exercícios físicos diariamente.

É também no cômodo que Mauro Cid recebe as quatro refeições: café da manhã, almoço, ceia e jantar. O local é vigiado 24 horas por dia por uma equipe da Polícia do Exército, responsável pela sua segurança.

No início da semana, o tenente-coronel recebeu a visita de oficiais do Comando de Operações Terrestres (Coter), onde ele estava lotado até ser alvo de um mandado de prisão preventiva, cumprido na última quarta-feira.

De acordo com as investigações, ele teria participação no esquema que envolve crimes como sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

As fraudes teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, e tiveram como consequência a alteração dos dados dos beneficiários para a condição de imunizados contra a doença.

O inquérito apontou que, com isso, Cid, sua mulher Gabriela Santiago Ribeiro Cid, e as filhas do casal, além de Bolsonaro e sua filha Laura emitiram os respectivos certificados de vacinação fraudados e os utilizaram para, por exemplo, embarcarem para destinos internacionais, como os Estados Unidos.

Na ação, outras cinco pessoas ligadas ao ex-presidente foram presas e 17 endereços sofreram buscas e apreensões.

A partir localização de US$ 35 mil em espécie na casa do tenente-coronel, na Vila Militar do Distrito Federal, ele também será investigado por lavagem de dinheiro. Mauro Cid ainda figura em inquéritos outros inquéritos da PF que apuram violação de sigilo funcional, incitação ao crime e por suspeita de tentar liberar joias sauditas que não foram declaradas a Receita Federal.