MARCO DO SANEAMENTO

Rui Costa diz que governo errou ao não se reunir com líderes da Câmara sobre mudanças no marco

Governo tenta agora intensificar diálogo com o Senado para evitar nova derrota

O ministro da Casa Civil, Rui Costa - Evaristo Sá/AFP

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou, nesta quarta-feira (10), que o governo errou ao não se reunir com líderes da Câmara dos Deputados antes da votação do decreto do saneamento.

Na semana passada, a Casa tirou em votação no plenário trechos do texto. O ministro Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo, chamou o episódio de “derrota importante” e já havia reconhecido um problema de diálogo.

– Eu acho que temos que reconhecer um erro nosso. Eu tinha pedido duas ou três vezes que nós fizéssemos antecipadamente uma reunião com líderes para apresentar o decreto. E pelo excesso de trabalho essa reunião e pela agenda dos parlamentares não conseguimos fazer essa reunião com antecedência –afirmou Rui Costa durante entrevista a GloboNews.

O governo tenta agora intensificar o diálogo com o Senado para evitar nova derrota.

– Estamos corrigindo isso agora no senado e de forma antecipada, por isso que ontem eu já estive lá, reunindo com líderes, e nos colocamos à disposição para retornarmos se for necessário quantas vezes for necessário para conversar com relator designado e com a comissão. Vamos esclarecer qualquer dúvida e eventualmente se tiver qualquer ajuste para fazer, nós faremos.

Após a derrota, o presidente Lula determinou que sejam feitas conversas com partidos que comandam ministérios para cobrar fidelidade da base.

O governo ainda está sendo pressionado por parlamentares para a liberação de emendas que já foram prometidas. O Planalto está com dificuldade de liberar os convênios das pastas, que sequer abriram os cadastramentos para deputados indicarem a aplicação de recursos em municípios escolhidos.

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Costa afirmou na entrevista que as emendas não foram empenhadas apenas "na expectativa dos parlamentares", mas que as coisas estão sendo "azeitadas".

– Eu diria que não foram empenhadas as emendas no prazo e na expectativa que os parlamentares tinham, mas as coisas estão sendo azeitadas. Hoje mesmo estão sedo feitas reuniões, semana que vem também serão feitas novas reuniões para alinhar esse ritmo do relacionamento com o Congresso nas liberações das emendas, nas nomeações dos diversos ministérios

Pela manhã, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) afirmou que as emendas não foram liberadas "por várias razões", mas que a determinação é liberar "100% do que nós (governo) acordamos".

–Evidente, estamos em maio. Não foram liberadas ainda por várias razões, novo governo, sistema burocrático travando. É para liberar 100% do que nós acordamos. No passado e no presente–afirmou.

Crise na articulação
O governo, no entanto, enfrenta uma crise na articulação política e o ministro Padilha chegou a ser criticado publicamente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em entrevista ao Globo, o parlamentar afirmou que o ministro é "sujeito fino e educado, mas que tem tido dificuldades". Padilha rebateu e afirmou que “não é marinheiro de primeira viagem”.

O Planalto vem de semanas de derrotas no Congresso. Além do decreto do saneamento, foram, por exemplo, criadas quatros comissões parlamentares de inquérito (CPIs). Uma delas, a CPI do 8 de Janeiro, é conjunta na Câmara e no Senado. As outras três são da Câmara. Entre elas, a CPI do MST, que pode causar desgaste ao governo.