Rio de Janeiro

Polícia já sabe por onde começou foco de incêndio em garagem de ônibus em Petrópolis

Sócios das empresas Cascatinha e Petro Ita serão ouvidos nesta quinta-feira (11) na 105ª DP de Petrópolis, que está investigando o caso. Funcionários já prestaram depoimento

Incêndio em Petrópolis - Reprodução/Twitter

A delegada Cristiana Bento, titular da 105ª DP (Petrópolis), que está investigando o incêndio que na madrugada de terça-feira destruiu 74 ônibus na cidade disse que já é possível saber por onde começou o fogo. Uma nova perícia foi feita na manhã desta quarta-feira , cujo resultado pode sair em até uma semana. Nesta quinta-feira, agentes da delegacia pretendem ouvir os sócios das empresas Cascatinha e Petro Ita, responsáveis pelos coletivos danificados. A delegada não descarta que a ação tenha sido criminosa.

"Ontem (quarta-feira) uma equipe técnica especializada da Polícia Civil esteve no local fazendo uma nova perícia e agora estou só aguardando o laudo. Estamos ouvindo testemunhas, até agora umas três ou quatro e estamos analisando as imagens também. Falei com os peritos e eles viram por onde começou o incêndio. A gente já sabe exatamente por qual ônibus começou e isso é muito importante para as investigações" disse a delegada, sem acrescentar mais detalhes.

Cristiana Bento disse que funcionários já foram ouvidos pela delegacia e hoje devem colher os depoimentos dos responsáveis pelas empresas de ônibus donas da frota incendiada. A delegada adiantou que não descarta a hipótese de que o incêndio tenha sido criminoso.

"A gente não está descartando essa hipótese (de o incêndio ter sido criminoso). É muito provável (que tenha sido)" disse.

A delegada acredita que o resultado da perícia ainda deve demorar pelo menos uma semana para sair. Ela afirmou que o local ainda está interditado e só depois de ouvir os sócios das empresas e que vai decidir ou não pela liberação do espaço.

Vizinhos foram acordados na madrugada de segunda-feira com um incêndio de grandes proporções na garagem das empresas Petro Ita e Cascatinha, na Rua Coronel Veiga, principal acesso ao centro de Petrópolis. A quantidade de veículos reduzida a cinzas e metal retorcido equivale a quase um quarto da frota de 310 ônibus que circula pelo município na Região Serrana do Rio. Nem todos os coletivos na garagem, no entanto, estavam em funcionamento.

Em reunião com o prefeito Rubens Bomtempo, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Petrópolis ( Setranspetro) apresentou um balanço dos danos: foram 74 veículos perdidos, 50 da Petro Ita (10 estavam em desuso) e 18 da Cascatinha (outros 10 fora de circulação). Além desses, seis veículos já eram sucata, segundo as empresas.

Endividadas, as empresas Cascatinha e Petro Ita aparecem no site de consultas da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional como detentoras de dívidas milionárias: a primeira deve R$ 59,156 milhões, e a segunda, R$ 111,557 milhões. O problema atinge os funcionários, que confirmaram ao GLOBO o atraso de salários. A reportagem não conseguiu contatar as empresas.

Bombeiros vistoriam garagens
As recentes ocorrências de incêndio em oficinas e garagens de empresas de ônibus, como a de Petrópolis, motivaram o Corpo de Bombeiros a realizar nesta quinta-feira uma grande operação de vistoria técnica nesses locais , em todo o Estado do Rio de Janeiro. O objetivo da ação é verificar e cumprir o Decreto Estadual Nº 42 de 17 de Dezembro de 2018 e suas legislações complementares, que estabelecem normas de segurança contra incêndio e pânico.

De acordo com a corporação, serão mobilizados diversos oficiais e praças que compõem o setor de Serviços Técnicos dos bombeiros. Esses militares estarão atuando dentro das suas áreas geográficas de operacionalidade. O cronograma inclui vistorias em cerca de 160 localidades.

"Diante dos últimos acontecimentos, principalmente o incêndio de grande proporção em uma garagem de ônibus em Petrópolis, o Corpo de Bombeiros do Rio planejou uma força-tarefa para a vistoria desses locais. Vamos atuar fortemente no sentido de resguardar a população de possíveis tragédias" afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Monteiro.