Guerra

Ucrânia reivindica avanços em Bakhmut e Rússia nega

A cidade, que tinha 70 mil habitantes antes do conflito, foi destruída com o avanço das forças russas

Cidade ucraniana de Bakhmut - AFPTV/AFP

A Ucrânia afirmou nesta sexta-feira (12) que suas tropas reconquistaram partes do território ao redor da cidade cercada de Bakhmut, apesar dos desmentidos da Rússia e embora o presidente Volodimir Zelensky tenha alertado que o exército precisa de mais tempo para iniciar uma contraofensiva.

Esses anúncios de operações vitoriosas marcam uma intensificação dos combates, após meses de uma relativa estabilidade.

Na frente diplomática, a China anunciou o envio de um emissário especial à Ucrânia, Polônia, França, Alemanha e Rússia para "se comunicar com todas as partes sobre a solução política da crise ucraniana".

Pequim, que nunca condenou a invasão russa da Ucrânia, esboça há semanas um esforço de mediação no conflito.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, viajará para Roma no sábado (13), onde se encontrará com líderes políticos e possivelmente com o papa Francisco, em sua primeira visita à Itália desde a invasão russa.

Versões sobre Bakhmut

Na frente de batalha, a Ucrânia afirmou que suas tropas avançaram dois quilômetros nas proximidades de Bakhmut.

As forças russas ocupam cerca de 80% daquela cidade, praticamente destruída pela batalha, a mais longa e sangrenta desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A Rússia nega que a Ucrânia tenha feito qualquer progresso, dizendo que repeliu as forças de Kiev perto de Soledar, cerca de 15 quilômetros ao nordeste de Bakhmut.

O chefe da milícia russa Wagner, que lidera o ataque a Bakhmut, acusou o Exército regular de "fugir" dos combates.

"As unidades do Ministério da Defesa simplesmente fugiram dos flancos" em Bakhmut, disse Yevgeny Prigozhin em um vídeo. As defesas "colapsam", e as tentativas de "suavizar a situação" levarão a uma tragédia global para a Rússia, acrescentou.

Prigozhin, cuja rivalidade com o Exército russo aumentou nos últimos dias, reconheceu os sucessos ucranianos e desafiou o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, a visitar Bakhmut.

Contraofensiva?

Na quinta-feira (11), Zelensky disse que seu Exército precisa de mais tempo para lançar uma contraofensiva em grande escala.

"Mentalmente estamos preparados", disse ele. "Com o que temos podemos ir em frente e ter sucesso. Mas perderíamos muita gente. Acho que isso é algo inaceitável. Então temos que esperar", explicou.

Vários correspondentes de guerra russos garantiram, no entanto, que a esperada contraofensiva de Kiev já começou.

Prigozhin também afirmou que "o plano do Exército ucraniano está em andamento".

O esforço de guerra da Ucrânia conta com forte apoio militar e financeiro das potências ocidentais.

Desde o início da invasão russa, Kiev recebeu mais de US$ 150 bilhões (R$ 745,3 bilhões na cotação atual) em apoio. Deste total, US$ 65 bilhões (R$ 322,98 bilhões, na cotação atual) foram destinados à ajuda militar.

Acordo de cereais

A Turquia disse nesta sexta-feira que as negociações para estender o pacto que permite a exportação de grãos da Ucrânia através do Mar Negro após a invasão russa estão perto de se chegar a um acordo.

"Estamos caminhando para um acordo sobre a ampliação do acordo de grãos", disse o ministro turco da Defesa, Hulusi Akar.

A chamada Iniciativa dos Grãos do Mar Negro permite à Ucrânia exportar grãos, ajudando a aliviar a escassez e os aumentos de preços em todo o mundo causados pelo bloqueio russo dos portos ucranianos. Está em vigor desde julho passado, graças à mediação das Nações Unidas e da Turquia.